terça-feira, 15 de outubro de 2013

Lobby cidadão

A Democracia 3.0 é uma utopia? Como seria possível constituir uma democracia p2p? Afinal de contas se a democracia direta digital depende de governos e governantes para serem adotadas, quem em as consciência supria que ela seria de boa vontade adotada por eles. É certo, a verdadeira democracia direta nunca será adotada, nem dada por graça nem benesse ela terá que ser conquistada por mérito, daqueles que se emancipam. Democracia é o Estado conquistado por uma Republica. O outrora alienado que negando servir a qualquer senhor e reconhecendo exatamente os mesmo direitos de liberdade em seus iguais constitui assim por consciência e sociedade um estado civil que o liberta da servidão e afirma a sua cidadania. Aquele pois que se declara livre, igual e solidário e reconhece no seu irmão esse direito libertário em verdade já é cidadão desta nova republica o que lhe faltam são apenas os meios legítimos para exercer a sua soberania. Na verdade o que falta ao cidadão não é algo que ele deveria ter como direito, é algo que jamais deveria ter sido tirado dele. E se lhe falta não é porque não se tenha de sobra, mas é justamente pelo contrario, é para que falte e falte muito para muito daquilo que essencial que se priva tanta gente de direitos e liberdades tão básicas econômicas, politicas e estéticas, Por que? Porque é desta diferença brutal gritante de acesso aquilo que é essencial capital é que produz e reproduz não apenas a riqueza mas o poder. Da privação dos meios nasce e se sustenta o poder. E é monopolizando os meios que se constitui todas as formas de poder. É por isso que o governe-se antes de tão somente um projeto de lei e rede social é um movimento pela obediência civil. Um movimento para quem deve obediência aos verdadeiros soberanos cumpram com humildade seu dever. É um movimento por Democracia Direta Digital, mas decidiu se constituir mais do que um instrumento de descentralização e distribuição democrática, tomou a decisão estratégica de se constituir como ferramenta de desmonopolização do poder. O sistema do governe-se possui diversos módulos para a difusão da democracia direita, porem um especialmente poderoso durante os períodos eleitorais é o que podemos chamar de lobby cidadão. Como sabemos nossos representantes e de qualquer lugar do mundo são tudo, ou melhor, são de todo o mundo menos nossos. Eles têm dono. Representam interesses seus por obvio e corporativos daqueles que bancam legal e ilegalmente sua posição. Esse lobby é feito com barganhas econômicas e politicas e midiáticas, por quem pode não por quem quer. Alienado de tudo isso esta o cidadão. Quando vota o cidadão, ele não tem um vinculo politico com o politico nem ele com o cidadão, mas o politico tem com a empresa, o banco a tv. Quando vota o cidadão, ele não tem um vinculo politico, mas o politico tem com os outros políticos quando o teatro acaba e as cortinas se fecham a representação acaba mas o jogo de poder e barganhas continuam. Quando o cidadão vota, ele não tem vinculo politico como o politico, mas as ONGs tem. De certo que dos tres é o elo mais fraco de todos. ONGs não compram, ONGs são compradas. É quem tem de detém o poder politico e econômico que vai financiar as campanhas e determinar as eleições. E quem vota, o que há para o cidadão consciente deste jogo de cartas marcadas fazer, além de uma revolução? Existe alguma falha nesta fraude contra a democracia que nos permita recuperar nossa soberania sem ter de enfrentar o monopólio da violência? Sim há. Nada nos impede de nos articularmos em grupos apartidários que votem somente fechado em peso no partido ou candidato que assine o termo de adesão as nossas demandas e exigências que manifestam a causa do grupo. Contudo sabendo que entre a assinatura eleição e cumprimento há uma abismo de precariedade de direitos do cidadão e escapes legais de suas obrigações para quem representa o poder publico. Cabe focar-se num primeiro momento evidentemente, numa única e simples causa: cortar o mal pela raiz. Eliminar os poderes do intermediário para fazer não fazer e desfazer e aumentar o do cidadão para mandar fazer e mandar embora quando não fizer, democracia direta digital. Mas lobby cidadão não é democracia direta. Não mas é o caminho para institucionaliza-la. E digo institucionaliza-la porque de fato ela já começou a existir. O que os politicos profissionais não entenderam ainda é que a democracia 3.0 já começou.O que plataformas como o governe-se se propôs a fazer é apenas dar voz, expressão articulada e organizada para um grito, uma manifestação que estava reprimida e que não encontra ainda canais para sua expressão e representação legal dentro do rito arcaico e burocrático e ultrapassado da velha democracia representativo moderna. Esse grito não é novo. Julgaram morto por não ter mais um caráter anarquista e revolucionário não conseguiram compreender que na verdade o movimento libertários encontrava finalmente sua forma organizada. Desde o pós-guerra seja na sua manifestação social das organizações não-governamentais, seja na sua manifestação tecnológica através da construção da internet, seja no movimento da contracultura, o que vemos é o nascer de uma sociedade não mais polarizada em mercados e governos e que exclui justamente o que há de mais importante: a sociedade, vemos uma sociedade que se torno consciente se sua existência e importância e que não quer mais ser representada por políticos ou propagandas, vemos cidadãos que querem ser atores sociais, sujeitos de sua própria historia, uma sociedade que atinge a maioridade e que não quer mais ser tutoreada, que se liberdade, e comportasse de forma emancipada porque tornou-se um ente inteligente não como massa ou mero conjunto de pessoas a serem conduzidas mas com rede ciente de suas identidades particular e coletiva. O que estamos vendo não é o levante de um povo, mas a emergência de um novo paradigma o em verdade o nascer de uma inteligência coletiva, pois assim como o mercado não é meramente uma ficção e apresenta seu comportamento e demanda seu espaço perante o estado, uma nova entidade se firma conceitual e materialmente como rede e inteligência coletiva integrada aos demais setores da sociedade. As tecnologias, os meios que darão expressão a essa nova força da sociedade nada mais são do que os meios necessários para o reequilíbrio de um novo status quo. Um novo estado de paz, um novo contrato social. Não excelências foi uma tecnologia que deu espaço para uma ideia antiga, foi uma o espirito de liberdade tão antigo quanto a própria vontade que deu forma as novas tecnologias que tornam obsoletos seus poderes. A democracia direta digital não é meramente uma mídia é o espaço interativo necessário a representação de um setor legitimo da sociedade nas nova republica que hão de vir da era da informação. Com todo respeito obrigado às autoridades, esta na hora de parar de querer governar os outros e começar a dar-se um pouco mais de governo a si mesmo. Governe-se.

domingo, 21 de julho de 2013

VIVA A LEI VIVA

BIOBOOK – o Livro Vivo a Ciência Aberta e a BrainNET Governe-se. É curioso como quanto mais autonomia individual uma rede parece possuir, mais vida própria parece ter a própria rede. Não somos apenas nós que pedimos para governar-se agora é o Governe-se que pede para se governar. É evidente que isto é apenas um insight mas não é ficção. Vide o experimento e o conceito de Nicolelis sobre a BrainNET. De fato a arquitetura que começa a emergir da forma aberta que decidimos adotar para a criacao coletiva ou melhor a co-criacao do software governe-se parece ir perfeitamente de encontro a visão de Nicolelis. De fato inspirado no BrainNET é possível abrir um pouco mais o governe-se já que ele mesmo pede. A arquitetura dos grupos que se conectam preservando a individualidade dos nodos, ou seja não constituindo os grupos em massas uniformes amorfas de vontades representadas, mas sim redes que compartilham uma mesma mensagem e se conhecem e reconhecem permite que a tomada de decisão coletiva ou a retomada da democracia direta em escala, de fato transcende a decisão politica. A arquitetura do sistema que estamos construindo pode ajudar a construir sistemas de informação compartilhada mais abertos e descentralizados. Ou mais especificamente, ajudar a reconstruir a concepção semântica da informação de uma forma menos autoritária monopolizada ou mais viva. Explico. As mesmas técnicas e algoritmos que utilizamos são análogos as estratégias que os participantes do sistema terão de utilizar para agregarem seus interesses comuns e formarem suas demandas e elaborarem suas normas podem ser usados (ainda com mais liberdade experimental) para formar grupos sem uma autoridade central para desenvolver a semântica do conhecimento. Não estamos falando de uma enciclopédia porque uma enciclopédia já é uma proposta de livro fechado ou morto. Mais que definir palavras, dissertar, a ideia é criar um livro vivo, leis vivas, definições em aberto. Onde cada pessoa tem sua conta. Cria seus artigos. E esses artigos podem ser abertos ou fechados. Elas os edita permanentemente como ou sem obrigação de manter os originais. Ela pode se associar a grupos para criar artigos coletivos. Não há temas fechados, proibidos, comentários são abertos, novamente o sistema faz o cruzamento dos temas e é capaz de produzir, uma aproximação dos indivíduos com conceitos similares, para discussão e co-criação, e finalmente a produção de arvores de conhecimento através da analise semântica uma compilação dos diferentes conceitos desmembrando-os em sua diversidade até a particularidade de cada autor, ou melhor semeador do conhecimento. Ela submete a outras pessoas ou a apreciação de comunidades formados, mas essas autoridades não tem poder de validação epistemológica ou mesmo censura da expressão não perante todo sistema. Somente perante si mesmo ou seus seguidores, ou melhor disseminadores que funcionam não como cultuadores ou idolatradas de um dogma, mas polinizadores de uma idéia que não é excludente, mas conexa. É, a Panarquia. Que pensada em rede de co-significados tem consequências epistemológicas para a própria concepção da ciência. Isso implica em definição de termos, questões descentralizadas, temos doxas consultadas, compartilhadas, criticadas... diferentes formas de interação e publicações; perspectivas de cada pessoas sobre determinado objeto, e a formação de consensos e dissensos que não quebram paradigmas científicos mas permitem a sua interação ainda que difusa dos contraditórios num mesmo espaço e tempo. As bases de autoformação desta razoabilidade critica para além da autoridade central fechada estruturada resistência as inovações é a arquitetura em rede P2P dinamicamente distribuída já descrita a arquexcratos. Mas para começar vamos o Governe-se.com Viva a lei viva. Governe-se.

OPENSCIENCE

“No presente, vivemos com os símbolos num grau maior do que vivemos com nossos corpos ou diretamente uns com os outros. Como uma forma fundamental de falsificação, os símbolos primeiramente mediaram a realidade e depois a substituíram. Quanto mais absorvido este sistema de representação interna, maior é a distância que nos separa da realidade ao nosso redor. Outras conexões, outras perspectivas cognitivas são inibidas a medida em que a comunicação simbólica e seu enorme leque de instrumentos dedicados a levar a cabo esta representação foram cumprindo um papel de alienação da realidade e a traição contra esta. O simbolismo é um império extenso e profundo, que reflete e faz coerente um ponto de vista do mundo, e que é em si um ponto de vista do mundo baseado na retirada de qualquer sentido humano imediato e inteligível. A cultura simbólica inibe a comunicação humana bloqueando ou suprimindo os canais de consciência sensorial. Uma existência cada vez mais tecnológica, empurra-nos a desdenhar a maior parte do que poderíamos experimentar. é evidente como foram domesticados nossos sentidos numa atmosfera cultural simbólica: submetidos, separados, dispostos numa reveladora hierarquia. A visão, sob o jugo da perspectiva linear moderna, reina devido ser o menos próximo, o mais distanciador dos sentidos. Foi o meio pelo que o indivíduo foi transformado num espectador, e o mundo num espetáculo; e o corpo um objeto ou modelo. Freud, Marcuse e outros viram que a civilização demanda a sublimação ou repressão dos prazeres dos sentidos que causam proximidade, de maneira que o indivíduo possa ser assim convertido num instrumento do trabalho. O controle social, através da rede simbólica, arranca deliberadamente a importância do corpo. Um contra-mundo alienado, direcionado para uma ainda maior alienação por uma cada vez maior divisão do trabalho, humilha as sensações somáticas próprias e distrai de forma fundamental com respeito aos ritmos básicos da vida própria. A divisão definitiva entre corpo e mente, atribuída a Descartes em suas formulações no século XVII, é o epicentro da sociedade moderna. Aquilo ao que se considerou a grande “ansiedade cartesiana” sobre o espectro do caos moral e intelectual, foi resolvido em favor da supressão da dimensão sensual e passional da existência humana. A primeira separação parece ter sido o sentido do tempo, que nos traz a perda da sensação de estarmos presentes para nós mesmos. O crescimento desta sensação é indistinguível da alienação em si mesma. Se, como indicou Levi-Strauss, “a característica principal da mente selvagem é a inexistência do tempo”, viver no aqui e agora é algo que perdemos através da mediação das intervenções culturais. A comunicação verbal é uma parte do movimento que afasta da realidade social face-a-face, fazendo possível a separação física. A palavra sempre se situa entre as pessoas que desejam conectar entre si, facilitando a diminuição do que não se precisa falar para ser dito. Que declinamos de um estado não-lingüístico começa a parecer um ponto de vista são. “nada, de fato, está mais sujeito a suspeita e depreciação em nosso mundo desencantado do que a palavra”. O sentido original da palavra ‘definir’ é, do Latin, limitar ou pôr um final. A linguagem parece com freqüência fechar uma experiência, não nos ajudar a estar abertos à experiência. Quando sonhamos, o que sucede não se expressa em palavras, tal e como os apaixonados se comunicam mais profundamente sem simbolização verbal. O simbolismo numérico tem também uma importância fundamental no desenvolvimento de um mundo cultural. Contar, como nomear, é parte do processo de domesticação. A divisão do trabalho se presta ao quantificável, oposto ao que é completo em si, único, sem fragmentar. O número é também necessário para a abstração inerente no intercâmbio de bens e é pré-requisito para a decolagem da ciência e tecnologia. A urgência de medir traz um tipo deformado de conhecimento que não procura entender seu objeto, senão que procura seu controle. A Arte é uma das formas mais precoces da expressividade ideológica e ritual, desenvolvida junto com as práticas religiosas desenhadas com o objetivo de unir uma vida comunal que começava a se fragmentar. Arte é linguagem e por tanto é evidentemente ritual, entre as mais antigas instituições simbólicas e culturais. Essencial para a aparição da cultura nos assuntos humanos, o ritual não é só uma forma de ordenar ou prescrever as emoções; é também uma formalização do que está intimamente relacionado com as hierarquias e o domínio formal sobre os indivíduosOs ritos funcionam como uma válvula de segurança para a descarga de tensões geradas pelas emergentes divisões na sociedade e trabalho, para criar e manter a coesão social. . As estruturas de autoridade rituais jogam uma parte importante na organização da produção (divisão do trabalho) e promovem ativamente o advento da domesticação. A religião, como a arte, contribuiu para uma gramática simbólica comum que necessitadas tanto pela nova ordem social, como pelas suas ansiedades e fissuras. A palavra religião se baseia na latina “religare”, atar ou juntar, e um tronco verbal grego que denota atendimento ao ritual, fé nas regras. A integração social, requerida pela primeira vez, é evidente como impulso para a religião. A cultura nos levou a trair nosso próprio espírito e plenitude aborígine, num reino cada vez mais degradado de alienação sintética, isoladora e empobrecido. Estamos capturados na lógica cultural que converte tudo em objeto, já que aqueles que aconselham novos rituais e formas de representação como rota para uma existência re-encantada falham completamente em suas conclusões. Dificilmente, mais do que falhou durante tanto tempo, pode ser a resposta. “ JON ZERZAN EM O FRACASSO DO PENSAMENTO SIMBOLICO Que a representação simbólico seja limitada, é inegável, mas talvez seja apressado esta sua sentença a morte. Até porque o julgamento, principalmente é o ato mais primordial do processo de violência simbólica. E talvez epicentro do culto do absoluto. O tribunal epistemológico. Esse julgamento do pensamento simbólico ainda que não seja sumario e sem provas, não é de todo injusto, mas é no mínimo apressado, principalmente se considerarmos que ainda não tomamos coragem para dar forma e expressão a todos os nossos pensamentos como eles deveriam ser dados: não apenas como palavras mas como atos. Não nego que a manifestação do ser reduzida a representação simbólica sobretudo unisensorial reduza a capacidade de percepção humama, mas não creio que a falha de caráter da constituição do ente simbólico esteja no signo, ou na só na desensualização mas sim na hipocrisia do homem. Ou mas especificamente na separação do sentimento da sua significação, ou mais rigorosamente na separação do ente racional-cognitivo do ente emocional-perceptivo; com a consequentemente abstração do signo como um sinal destituído de qualquer necessidade de ser real, e do símbolo como significação sem o menor compromisso de se CONCRETIZAR em atos. Ou em bom português: faça o que eu falo mas não faça o que eu faço, ou prego mas não realizo nada. É a segregação e negação do ato como parte essencial para manifestação do significado do ser, que mata o signo. É a elevação do verbo, do códex, da representação e não mais do ato mas das ideias como a correspondência para a comunicação dos significados que anulou o processo reiterado da palavra-ato-reflexão como manifestação plena do ente. Sem o ato O Significado evidentemente fica destituído de todo o sentido que o signo exige. Uma vez que faz referencia a abstrações conceituais e não mais a concretizações dos conceitos. A representação enquanto ideia é ilusão. Uma abstração. A imagem que não aponta o sentido não é signo é ilusão. E a reflexão masturbação mental. O signo que não concebe uma ação não tem sentido. Palavras sem ações são signos sem sentidos. São mais do que fracasso DA Representação simbólica, são a perversão do símbolo. São a contradição do ato. O simbólico não se realiza sem a comunicação mas essa comunicação não é feita apenas por uma linguagem de representações abstratas , ela é feita por uma linguagem de concepções criticas. E por concepções hipócritas se desconstitui. Há portanto três instancias distintas de manifestação do ser: critica, acrítica, e a hipócritica. Qual é a diferença? Em palavras nenhuma. Na pratica: O acrítico não fala e não faz nada. O critico fala e faz e o hipócrita fala e não faz nada, ou pior ainda fala e faz justamente o oposto. Concepção portanto é o signo constituído como ato, e o ato entendido como um símbolo de inspiração critica. A palavra e a linguagem estão naturalmente envolvidas nesse processo, mas não mais como o a expressão máxima da inteligência, finalidade ou o proposito das ações, mas tão somente como um meio do que são comunicação entre os atores. Na verdade serão os atos que darão posteriormente sentido crítico as palavras, compondo a inteligência dos seres presentes no sistema. É na dinâmica da palavra-ato-reflexão que o conhecimento se constrói. A palavra sem ato é símbolo vazio. E o ato mesmo sem palavras símbolo repleto de sentido ainda que sem conexão. A comunicação pode pois ser necessária a construção do ato, e é por vezes útil para seu entendimento enquanto reflexão, mas não é em si a expressão do pensamento, e sim tão somente sua emulação. Não é portanto o pensamento simbólico que fracassou, mas a tentativa de dar expressão ao pensamento simbólico apenas como copia abstrata da ideia no mundo real, como uma encenação da ideia e não a manifestação da vontade. O ente nada mais é do que a encarnação do espirito, a parte perceptível da vontade, a ideia manifesta como realidade. O símbolo e o ente não estão de fato separados quando o ser se realiza em si. É a encenações que afastou o homem da próprio sentido da existência. É a palavra, a encenação, como uma mentira, como promessa sem intenção, ou vontade de negar o ser, de contrapor a realização do ato como signo, que desconstitui o pensamento simbólico como meio de realização do ser. Quem diz, se não diz para fazer algo então de fato não diz nada. Só o ato tem sentido. Porque é o ato que faz da promessa um anuncio e não uma mentira. É a realização da palavra que conta a historia do seu significado, e não a pre-sugestão dos ouvintes. O símbolos como marcas e mitos fracassaram porque se concentraram apenas em convencer quem ouve em acreditar. Se o contador de historias se preocupasse em ser um fazedor de historias, e em vez de só tentar fazer crer, tentasse de fato realizar e realizando inspirasse no outro a vontade de realizar então ele não teria uma códex, ele seria vida e como vida geraria vida por inspiração autopoética. Ele faria uma revolução sem uma palavra apenas sendo em movimento. Ato e potencia. A diferencia entre escrever poesia ruim e viver em autopoiese. Entre ensinar e aprender. Símbolos foram reduzidos a marcas. mas símbolos são mais que sinais, são atos com sentido para quem os pratica e com significado para quem os presencia. Significado suficiente para inspirar o sentimento de pratica-los. Quem faz com consciência que se comunica: professa, e quem testemunha com consciência que presencia: aprende. Signos, não são signos porque provocam conexões, mas somente quando e enquanto provocam conexões se fazem signos. A palavra só é a musica, os símbolos é que são os verdadeiros passos da dança. Respiração e inspirações. Um signo é uma existência em movimento, a evolução que dentro de uma rede convida outros seres dotados de inteligência a dançar. Poiese e Poesia. É o elemento constitutivo de uma comunicação feita não apenas por troca de informação, mas por nexos compartilhados em ato. Essa rede viva que muitas vezes não precisa de nenhum tipo de linguagem codificada, ou representação paralela apenas da vontade de entendimento. A empatia, é muitas vezes toda a comunicação necessária para que ocorra a identificação natural entre evoluções e revoluções deste sistema. Thomas Kun diz sobre a estrutura das revoluções cientificas e o aspecto genético do paralelo entre o desenvolvimento cientifico e politico: As revoluções politica visam realizar mudanças em instituições politicas, mudanças proibidas por estas mesmas instituições que se quer mudar. Consequentemente seu êxito requer o abandono parcial deum conjunto de instituições em favor de outro. E neste interim a sociedade não é governada por nenhuma instituição. De início é somente a crise eu atenua o papel das instituições politica, do mesmo modo que atenua o papel dos paradigmas. Em numero crescente os indivíduos alheiam-se cada vez mais da vida politica e comportam se sempre mais excentricamente no interior dela. Então na medida que a crise se aprofunda muitos destes indivíduos se comprometem com algum tipo de projeto concreto para a reconstrução da sociedade de acordo com uma nova estrutura institucional. A essa altura a sociedade a sociedade já esta dividida em campos ou partidos em competição, um deles procurando defender a velha constelação institucional o outro tentando estabelecer uma nova. QUANDO OCORRE ESTA POLARIZACAO OS RECURSOS DE NATUREZAPOLITICA FRACASSAM. Por discordarem quanto a matriz institucional a partir da qual a mudança devera ser atingida e avaliada por não reconhecerem nenhuma estrutura supra institucional competente para julgar diferenças revolucionarias os partidos envolvidos em um conflito revolucionário devem recorrer finalmente as técnicas de persuasão em massa que seguidamente incluem a forca. Aparentemente o progresso acompanha na totalidade dos casos as revoluções cientificas. Por que? Ainda uma vez poderíamos aprender muito mais perguntando que resultado uma revolução poderia ter. As revoluções terminam com a vitória total de um dos 2 campos rivais, Alguma vez o grupo vencedor afirmara que o resultado de sua vitória não corresponde a um progresso autentico? Isso equivaleria dizer que o grupo vencedor estava errado e os oponentes certos, Pelo menos para a facção vitoriosa o resultado de uma revolução deve ser o progresso. Além disso esta dispõe de uma posição excelente para assegurar que certos membros de sua futura comunidade julguem a historia passada desde o mesmo ponto de vista. Quando a comunidade cientifica repudia um antigo paradigma, renuncia simultaneamente a maioria dos livros e artigos que o corporificam, dai decorre em alguns casos um distorção drástica da percepção que o cientista possui da disciplina. Em suma vê o Passado da disciplina orientado para o progresso. O membro de uma comunidade cientifica amadurecida é como o personagem típico do livro 1984 de Orwell a vitima de uma historia reescrita pelos poderes constituídos. A comunidade cientifica é formada pelos colgas profissionais do cientista. O reconhecimento da existência de um grupo profissional competente e sua aceitação como arbitro exclusivo das realizações profissionais possui outras implicações. Os membros do grupo, enquanto indivíduos e me virtude de seu treino e experiência comuns, devem ser visto com os únicos conhecedores das regras do jogo ou de algum critério equivalente para o julgamentos inequívocos. Duvidar de existência de tal critérios comuns de avaliação seria admitir a existência de padrões incompatíveis entre si para a avaliação das realizações cientificas. Tal admissão inevitavelmente a baila a questão de se a verdade alcançada pelas ciências pode ser una. Contudo a abordagem da ciência como uma rede dinâmica panárquica similar a rede que esta justamente se desenvolvendo para governança da sociedade, o governe-se, pode alterar radicalmente a ciência: de uma estrutura de poder que carece de revoluções para operar e cooperar como comunidade cientifica, para um sistema aberto de conhecimento descentralizado não autoritário do tipo p2p. Um sistema que permite a convivência de diferentes teorias ou mesmo metodologias capazes não apenas de partilhar de um mesmo status de conhecimento no espaço-tempo do, mas intercambiar informações para dialogar e formar uma rede de conhecimento. Rede esta capaz de prover a humanidade não mais de definições mortas sobre uma universo sabidamente vivo, mas de multiversões ou verdades não excludentes capazes de formar um cosmo mais amplo, complexo e difuso sem necessariamente perder a capacidade de transitar e discernir entre as diferentes e diversas linhas de pensamento. Sem fazer da luta pela definição dos termos um objeto de poder, deixando o campo da ciência como ele deve ser: um campo aberto para a formulação epistemológica. Sem a necessidade da supressão das demais ou obstrução para que se possa constituir uma ideia de verdade ou ciência una. Dispensando a interferência de autoridade ou poderes absolutos, que julguem ou atribuam falsidade ou verdade as teses, substituindo este poder excludente pelo reconhecimento mutuo dos próprios pares constituintes da comunidades auto organizadas dentro da rede. Um sistema aberto, onde as teses e hipóteses como um BrainNet se compõe e difundem abertamente não para serem julgadas mas para serem co-criadas e cuja aderência OU rejeição não se faz nem pelo autoritarismo do senso comum ou da opinião ou de um estado ou de uma corporação profissional mas pelo compromisso epistemológico daquele cientista com o seu paradigma enquanto ele põe sua fé nele (sim fé) aceitando a autoridade compartilhada de seus pares; formando de fato uma comunidade, uma rede de conhecimento que converge naturalmente a um consenso razoável mas não se fecha, centraliza, totaliza, nem jamais tenta neutralizar, nulificar, excluir, julgar, ou negar outras correntes de conhecimento ou metodologias. Não estamos falando em tolerância epistemológica, até porque isto já existe. Tanto nos dogmas religiosos quanto nos científicos. Nem tanto nos políticos, não num mesmo território num plano internacional. Não estamos falando em apartheids epistemológicos, (iguais mas separados), ou seja onde existe respeito mas completa falta de vontade de interação ou integração. Estamos falando de entendimento, compreensão, vontade para copula, síntese, conexão, miscigenação, criação de novas e inusitadas formas de pensamento através da critica e reflexão aberta e sem o uso da violência poder autoridade, coerção, repressão, manipulação, coação simbólica ou bem real, mas pura e simplesmente como coloca Paulo Freire a instituição de um processo dialógico que tenha como resultado a completa desescolarização do ser humano como propõe Ivan Ilyich “Nosso discurso diferente – nossa palavração – será dito por nosso corpo todo: nossas mãos, nossos pés nossa reflexão, Tudo em nós falará um linguagem criadora de vida” (Freire) Mais do que redes autogestadas estamos falando de redes autodeterminadas e que naturalmente através desta arquitetura de autogoverno se constitua uma epistemologia descentralizada, sem autoridades únicas, ou verdades absolutas, somada produção de conhecimento voltado não apenas a comprovação empírica, mas a construção de sentidos para a realidade. Processos que ultrapassam a que quebrem mais que a escolástica e promovam a definitivamente a desescolarização; que sejam capazes de libertar a mente humana dos cultos epistemológicos aos valores totalitários e logicas artificialmente reduzidas ao monocultismo booleano; que libertem nossas redes neurais do culto absoluto. Enfim Desculturalização. Uma ciência não fechada em si mesma ou a comprovação de seus postulados acadêmicos, mas voltada o mundo real e as pessoas. Capaz de reconhecer o principio fundamental do conhecimento que não conhecemos nada a não ser os próprios limites do nosso conhecimento. O mundo real? É evidente que ele existe, mas o que vemos é nossa projeção dele, e há tantas formas de deuses e verdades quantos janelas e suas formas. E é por isso aos olhos da incerteza quântica o deus dos triângulos tem três lados, e a verdade dos quadrados tem quatro. E nenhum dos dois erra, ou mente, nem está negando que o deus do outro seja verdadeiro nem que a sua verdade seja sua imagem e semelhança. Proponho humildemente - até porque não tenho capacidade de transcender o pensamento simbólico- que a chave para os problemas da civilização e da miséria da humanidade não esta no retorno ao primitivo, mas sim no resgate do que havia de genuíno na vida humana antes do advento do cultivo e domesticação do homem pelo homem e portanto sua alienação. Proponho o resgate da autenticidade do espirito humano, pela emancipação do culto e do poder; e radicalização da expressão da liberdade de pensamento, expressão estética e realização do eu como signo da vontade, e da existência com sentido autodeterminado pela significação reintegrado ao sentimento. O ato como manifestação da vontade. A indeterminação como o sentido da existência. E a liberdade como sentido da vida. Proponho um processo de desculturação dos seres humanos através não do abandono do pensamento simbólico, mas da sua efetiva realização como conhecimento pleno sabere, experimentação, vivencia, convivência. Não do abandono da educação, mas da sua efetiva realização. Desescolarizar-se para aprender, e desculturalizar-se para humanizar-se. Proponho o abandono de princípios unos e verdades universais, o abandono inclusive do relativismo totalitário e totalizante, para a abertura de espaço reconstrução de princípios que sejam consagrados universais para quem quiser segui-los. Proponho que ao invés de abandonarmos o pensamento simbólico abandonemos o culto ao absoluto, e façamos da nossa vida a Poiese, autogoverno, manifestação da vontade como signo real. Eu existo logo me conecto, só existo entre seres igualmente do direito a intelecção. Do direito a dar nexo compartilhado a sua vida em rede. Mesmo quando não quero me expressar minha inexpressão é minha mensagem real. O ser consciente da sua condição conexa, de seu estado perene de comunicação, faz da sua vida sua poesia, de seus atos sua mensagem, de suas meio de vida seu linguagem e de sua historia de vida seu verdadeiro ensinamento. Como disse Diógenes para o discípulo que pediu as tabuas que continham seus conhecimentos: “És um tolo, Hegesias; você prefere figos reais a figos pintados em telas. Porém, quer adquirir a prática da vida nos livros, e não na vivência real.” De fato Diógenes o cínico vivia como um primitivo, como um mendigo, um filosofo, um cão, um animal dentro da civilização, mas um animal consciente, um símbolo como ele mesmo construí e descreveu assim: Ele entrava no teatro encontrando frente a frente os espectadores que saíam, e quando lhe perguntaram por que, respondia: “É isso que procurei fazer em toda a minha vida”. A questão não é o fazer-se um asceta. Ou tornar os atos condizentes com os discursos, mas sim a profunda compreensão que a rede epistemológica onde se assentam os paradigmas polípticos, científicos, econômicos, a qual chamamos cultura, essa pirâmide, não é a arque da dinâmica do pensamento, mas o a estrutura condicionadora da mente a qual estamos submetidos e que conforma o raciocínio filocrático, forma a idolatria ao poder, e é a base pela qual replicamos e projetamos uma estrutura logica judicial e sacertodal a natureza como se fosse a própria natureza. Vemos leis onde o que há é ordem e caos onde há a exatamente a mesma ordem que não vemos. Forças onde há movimento e entidades onde existem fluxos. Vemos poderes e forças e energias supremas onde o que há é a trama da vida. evoluções fluxos, campos e movimento. Como o Uno é sempre uma abstração, dado que a existência é diversa o que vemos é o repudio do real, em favor de uma perfeição suprema e fictícia. Continuamos a por nos no centro do universo e fazer do universo a imagem e semelhança de nossa pisque deformada pelo culto ao uno e idolatria ao total. Porém quando a idolatria ao poder total é renegada, o individuo frustrado deixa de fazer do simbólico o meio de compensação de sua irrealização pessoal e manifestação de relação de poder, projeção de seu domínio fetichista; deixa de querer realizar-se perversamente sobre o outro para voltar a realizar-se de forma livre em ato sobre si mesmo. O símbolo perverso e pervertido de encenação e do jogo de poder, domínio e imagem, de negação das liberdades do outro, volta a ser o percepto não imposto ou a impostura de um ente sobre o outro, mas a construção do ser sobre si mesmo, a sua forma de constituição como ente em ato. O ser como ato e não mais como códex, volta a se constituir então em identidade ao individuo. Ser é de novo seu signo e não mais ter, fazer e poder. Viver e não mais Sobreviver é o significado de sua existência. Vida que liberta recupera o seu sentido existencial pela certeza de indeterminação pois tem de volta a liberdade original e permanentemente revolucionaria da criacao do saber pela autodeterminação. É evidente que essa abordagem desescolarizante, desculturalizante e constituinte da ciência como um conhecimento múltiplo e aberto conduzira o método para níveis de rigor transparência e tentativa de universalização da correspondência com a realidade ainda maiores já que não haverão autoridades impositivas concedente o valor de verdade ou falsidade através do monopólio da beatificação das teorias. De fato creio as probabilidades e as incertezas, e a necessidade de operar com variantes incerteza e sistemas mais complexos se tornara um bem mais comum. Esse modelo voltada a reintegração do ser com seu sentido e sentimento e a realização do seu significado não no plano teórico Das ideias e representações, mas no plano real dos atos e criações pode contribuir para o desenvolvimento de um novo tipo de tecnologia social, e ciências humanas que bebendo na complexidade dos outros campos científicos, complexidade necessária a compressão das suas relações, pode ir um pouco mais além na criacao de sistemas. Políticos econômicos e educacionais. Sistemas e programas que passem do ridículo de querem levar luz por decreto. Mais do que ciência uma rede de saber aberto permite a emergência aberta permite o desenvolvimento de um novo tipo de método de um ser humano que não apenas sabe que sabe, mas sabe que seu saber é conexo. Co-Consciência. Nestas redes É possível manter um alto grau de consciência simbólica, com um baixíssimo nível de ansiedade material. É possível transcender a busca estéril por prazer ou felicidade sem cair numa angustia existencial perante a complexidade de um sistema não apenas indeterminado, mas até certo ponto incognoscível. Eis o seu charme. Assim se o sentido da vida não é uma descoberta, mas criação. Por que não devolver ao processo do conhecimento todo o seu sentido original de re-creação? A ciência da liberdade é algo que não se faz na relação objeto observador porque jamais o cientista que abre macacos, e experimenta remédios em gente, irá se considerar um membro comum da sociedade, ele nunca estará do lado das gentes, ele não é objeto de estudo, ele esta apartado do mundo real, ele está abstraído e protegido no mundo das ideias. Essa ciência como sacerdócio, é a própria negação da liberdade e de qualquer ciência ou tecnologia social libertaria. É preciso desertar para o lado dos macacos. E negar-se a ser mero observador do espetáculo, ou objeto de estudo; é preciso se afirmar o construtor consciente de seu próprio futuro; parar de só fazer meia ciência, entender o que está acontecendo, e passar a agir nos acontecimentos. Entender o passado não serve para prever o futuro. Serve para construí-lo. Em verdade a previsão é sempre não para prever mas projetar o horizonte de eventos, e projetando direciona-los a tal projeção. A abordagem da ciência social experimental, não é a negação de uma ciência social objetiva, pelo subjetivismo artístico ou por outro lado pelo reducionismo materialista-tecnicista do social; é a criação de métodos processos e sistemas que resultam em programas ou instituições, produtos, empreendimentos, politicas e até mesmo estados e sociedades que sendo complexos, demandam para seu desenvolvimento empíricos e consciente que se parta de princípios lógicos simples, para equacionar sistemicamente seus objetos de estudos, de modo a compreender sua complexidade e dinamicidade; sendo que de posse deste modelo sistêmico hipotético, começa-se então a introduzir as variantes que irão produzir as alterações sistêmicas esperadas do microssistema em experimentação que tanto transformarão sua realidade conforme o esperado quanto o modelo inesperadamente e vice-versa de forma retroalimentada- os microssistemas são então rede cujas quantidade de conexões reduz a incerteza e multiplicidade de significados para um padrão razoável de previsibilidade e compreensão. É ciência voltada a produção de conhecimento prático, socializável e, altamente transferível, e que, portanto, que não se contenta com a descoberta do novo, mas está comprometida com o seu desenvolvimento aberto. Ciência que não usa a realidade para confirmar teses, mas reelabora indefinidamente teses para afirmar novas realidades. A construção de uma utopia não se perde em negar ou afirmar possibilidades ou impossibilidades, ela se concentra em realizações. Antes de se pensar em distribuir a luz elétrica há que se fazer a lâmpada, e se pesquisar muito sobre um fenômeno desconhecido que um dia será chamado eletricidade. Talvez a ciência reencontre novamente com a criatividade de sua juventude quando voltar a ser o ato subversivo e libertador das doutrinas autoritárias centralizadores e escolásticas. Ciência E Tecnologia Sociais produzidas não mais de cima para baixo ou do centro para a periferia, mas simplesmente de pessoa para pessoa, livres e juntas. Pensar juntos e livremente é talvez a ideia mais simples e poderosa de todos os tempos. Porque ficar pintando paredes ,acorrentado em cavernas é definitivamente a condenação eterna ao mundo das ideias. Governe-se.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Eles não entenderam nada: O e-governo não é a e-Democracia

Democracia Direta em Rede não é Caixinha de Sugestões eletrônica, não é digitalização da burocracia. De fato, repito a pergunta: a quem pertence a soberania ao povo ou ao Congresso? Temos contratos sociais ou contratos de Servidão voluntaria? Eles são nossos representantes ou nossos mandatários, nossos porta-vozes ou nossos senhores? São eles nossos funcionários ou nós seus súditos? A quem de fato esses atores políticos representam? Se tem o poder delegado de nos comandar mas são ainda sim meros representantes de fato da vontade alheia, a quem então eles representam? Não estou provocando, estou simplesmente interpretando um sentimento, um movimento, uma evolução, um grito que se continuar a ser sufocado irá se traduzir cada vez mais em violência. Não porque as manifestações sejam violentas, mas porque os manifestantes não encontram os canais institucionais para se manifestar. Tecnologia existe, a necessidade de adotá-la perto de uma ruptura completa e desordenada é evidente. Sou um otimista e creio que emergirá uma nova forma de democracia 3.0 quer o governo a coloque no ar, quer sejamos nós que a coloquemos ou não. Não é uma questão de quem, mas de quando. E quantos ainda terão ainda que sofrer as a consequência da falta de auto-organização, artificialmente produzida pela violência mono- políticas e monopolistas contra a liberdade. Se os políticos continuarem fingindo que não entenderam, serão varridos pela onda pacífica e auto organizada das redes nas ruas. A vontade como o direito que é difuso, não é desordenado, mas complexo , eles não são reformistas, oposicionistas ou anarquistas, nem jovens despolitizados ou apolitizados, eles não estão contra o governo, nem este nem aquele, eles não clamam pelo fim dos governos, eles clamam pelo seu direito de se governar. Eles? Eles não. Nós. Porque a res-publica é nossa. Como disse Manuel Castells: “Não há perigo de um golpe de Estado. Os corruptos e antidemocráticos já estão no poder: eles são a classe política.” “Todo mundo é o seu próprio líder.” Governe-se.

A ARQUE VERSUS CRATOS

Ou Das Anarquias Hierarquias e Panarquias Redes: Sistemas ou Estruturas? A representação clássica das redes é dada por Baran que as classifica em três conjuntos distintos conforme a distribuição de seus nodos pelo espaço. Centralizada. Decentralizada e Distribuída. A rede propriamente dita seria a distribuída, enquanto a centralização das estruturas seria o fator determinante da desconfiguração da rede. Podemos ainda dentro de uma abordagem estrutural classificar as formas de organização em três formas arquetípicas central, piramidal, matricial. Novamente a matriz mais perfeitamente distribuída, representa a rede ideal, porém essa pode ser negada ou desconfigurada não mais apenas por organizações centralizadoras, mas também por organizações piramidais. Estruturas piramidais são representações figurativas de um bastante tipo especial de organização centralizadora a hierárquica. Uma hierarquia não deixa de ser um tipo de organização centralizadora, porém seus vetores possuem ramificações. Estruturas centralizadoras são formas bastante simples de organização. Estruturas hierárquicas podem atingir níveis de complexidade extremos. E se combinar com estruturas centralizadoras de modo a proteger seu núcleo. Tais combinações produzem o fenômeno da corporação, onde elementos componentes da matriz perdem sua autonomia para o núcleo central. Deixam de ser um ente autopoiético para ser parte do corpo que apresenta comportamento uniformo e centro de comando. Claro que pode também ocorrer o fenômeno oposto onde o fluxo de informação ou comando seria reverso, mas isso como veremos mais adiante seria insustentável, porque a quantidade de demandas-informação para um único núcleo só pode ser destrutivo. Em outras palavras tomemos as duas figuras: Se os vetores estão voltados do centro para nodos temos a representação de uma relação de comando, se os vetores estão voltados dos nodos para o centro, temos um cerco e a imanente destruição do centro, no mínimo por sobrecarga informacional. Sim como diria Hobbes ou São João esse tipo de besta tenha uma ou sete cabeças, felizmente são monstros que tem algo que podemos cortar. Como veremos mais adiante o maior problema não são os bichos que não tem corpo nem cabeça, e que habitam nossas cabeças. A hierarquia é, portanto um tipo bastante especial de estrutura onde a estrutura matricial que controla o comportamento dos seus componentes e não os entes que geram o comportamento matricial. Não há autopoiese exceto no centro de comando da matriz. E a estrutura é mais resistente a inversão dos fluxos informacionais. Comportamento é um fenômeno dinâmico e analise estático-estruturais por obvio não comportam muito bem o movimento, nem tão pouco as estruturas em redes que de fato correspondem ao muito mais as evoluções da rede do que a própria estrutura em rede. As redes são o fluxo, a matriz a decomposição epistemológica da rede em tempo espaço e movimento. A rede como percepto é, portanto uma matriz, mas não se define apenas pela distribuição de seus entes ou componentes pelo espaço, mas pela variação de suas trajetórias ao longo do tempo – ou como já dissemos ao introduzir o conceito de movimento se concebe dinamicamente. A rede se concebe em fluxo sendo rigorosamente, portanto um sistema vivo ou dinâmico, não necessariamente matricial, mas euclidianamente matricial. Em representações ou abordagens não físico-espaciais ou geométricas a rede pode ser concebida compreendida de outras formas, como proporemos mais adiante. Simulações Computacionais Booleanas (pode pular se você não for nerd) Por hora continuemos a montar nossa rede no mundo dos quadrados. A introdução da variante fluxo não introduz apenas uma historia para a matriz ou seus e entes ou componentes, mas um histórico de variação das estruturas, compondo o conceito de um padrão de comportamento para só os componentes, mas para as estruturas. Isto gera tanto possibilidades quanto demandas. Podemos ter uma ideia muito melhor do que são as redes naturais e sociais a partir da analise destes padrões de comportamento sistemático ainda que reduzidos a conceptos matriciais espaço-temporais analisando as evoluções representadas graficamente por estes sistemas computacionais booleanos. Mas isso demanda o desenvolvimento do conceito em nível algorítmico de um logos para o sistema, quanto o conceito e novamente o algoritmo correspondente e muito mais complexo de uma arque autogeradora para cada ente do sistema, uma autopoiese da autopoiese. De acordo com esta abordagem seria possível não reproduzir padrões apresentados por uma matriz-multiverso, mas a partir desta analise enumerar as diferentes logica passiveis de serem aplicadas a uma matriz de modo a produzir os mais diversos padrões de auto-organização e evoluções. Considerando ainda o principio de autopoiese essa logica não poderia ser de antemão única ou centralizada, devendo emergir de entes autônomos dotados de inteligência suficiente para se autoproduzir em interação com o sistema eminentemente determinístico. Computacionalmente dá um bocado de trabalho e não sei se os resultados seriam satisfatórios. Porque a simulação de redes autopoiéticas demanda a criacao de inteligências artificiais, ainda que em seus estágios muito primitivos e metarealidades virtuais no mínimo extravagantes. Suponho por exemplo a criacao de uma matriz representando o nada, dotada de uma vontade primal como liberdade (a logica do sistema) da qual qualquer ser que ainda não existisse, mas que tivesse vontade de existir(?) tomasse essa vontade(???) como liberdade individual (logica própria e indeterminada) para constituir a identidade logica ou sentido evolutivo por geração inconstante de seu ser em interatividade com os demais dentro desta rede autopoética difusa que não seria senão a própria manifestação desta vontade primal libertaria difusa como sistema matricial. Entre outros problemas graves desta proposição, (como não fazer nenhum sentido ) a simulação do principio indeterminístico, e da vontade primal como logica geradora de uma espécie de direito difuso é uma dificuldade enorme porque o processo algorítmico da randomização não equivale a indeterminação. A abordagem Sociológica (ou podem voltar daqui) Claro que não precisamos simular matematicamente comportamento de redes autopoiéticas a partir de inteligências artificiais, ou do zero. Podemos traspor redes sociais para modelos geométricos e analisar a historicidade das estruturas de modo a identificar os padrões de comportamento que definem as redes não como estruturais cristalizadas, mas como sistemas dinâmicos e auto-organizados. Mas ainda sim não creio que tal abordagem seria capaz de sugerir o que é a rede para além da representação simbólica, ou o que são estes fenômenos. Porque pensa-los como fluxos, ou qualifica-los como sistema dinâmico apenas me diz o mesmo que Sócrates disse a respeito do conhecimento só sei que nada sei. Em outras que precisamos reaprender constantemente com esta forma viva, com este vir a ser está, ou estava porque como Tao o que vemos são suas pegadas - luz de estrelas mortas a milhares de anos. A pergunta então não é o que são estes fenômenos, imponderáveis por natureza, mas qual a melhor forma que dispomos para retrata-los neste momento. Creio, portanto que para entender as redes como fenômeno, dentro de uma abordagem mais próxima dos sistemas dinâmicos não dispõe de melhor metáfora melhor do que a sociológica. A diversidade do mundo social exige que nos apropriemos de conceitos que podem nos ajudar a entender melhor as redes. Mesmo perdendo muito do rigor que a visualização estrita das estruturas que a metáforas físico-geométricas pode conferir, ganhou em amplitude conceitual na analogia desta com a complexidade da vida cotidiana. A metáfora sociológica também é bastante oportuna já que as comunidades e redes do mundo virtual parecem querer replicar e multiplicar suas estruturas dinâmicas no mundo real. Da virtualidade à realidade Assim tanto para sair do mundo das ideias e ir ao mundo real, para fazer esta transição das estruturas em redes, para os sistemas dinâmicos como analogia sociopolítica o método que utilizaremos nos inspiraremos mais uma vez na alegoria libertaria. O método é o seguinte, e o descrevo, mais uma vez dentro do modelo matricial computacional booleano: A matriz é constituída por entes cuja dinâmica é definida a partir de uma força motriz fundamental (logos), que é sua vontade constituinte. Seu objetivo é criar trajetórias no espaço tempo não apenas sozinho, mas em interação com os demais de modo a criar comportamento integrado. Neste processo em principio o comportamento original é libertário. Isto é governado apenas pela vontade de ser (arque). A inteligência em questão comunica-se desenhando uma trajetória no espaço com as demais inteligências de modo a propor uma espécie de dança conjunta. As evoluções deste universo são sinônimo desta espécie de dança polinizadora. Considerando que elementos ocupam uma matriz de espaço limitado. Não temos apenas uma espécie de cooperação competitiva, mas a possibilidade de eventuais choques de vontades, ou completa frustração de inventivas. Essas duas possibilidades poderão gerar randomicamente a alteração do comportamento libertário para o autoritário. Isto é de um ente que tenta afirmar o seu ser, perante os demais ou em comunhão com os demais, para um ser que tenta conformar os demais a seu ser ou a sua vontade. Há uma gradual inversão de comportamento de comunicativo para violativo. Conforme as livres iniciativas do individuo são frustradas. Ou ignoradas, violentamente interrompidas seja porque não encontram espaço, seja porque entram em choque com outras evoluções ou estruturas seja simplesmente porque deliberadamente outro(s) individuo(s) a interrompe. A inteligência não tentará comunicar suas intenções ou convidar as outras inteligências a construir trajetórias junto com ela seu objetivo agora passa a ser o de: interferir mandar, possuir as trajetórias das outras inteligências. Ele não constrói mais trajetórias, conexões ou comunicações, ele interfere, interrompe, bloqueia, destrói. Seu comportamento não é conectivo é disrruptivo. Numa espécie de replicação ou contraposição ao comportamento disrruptivo sofrido. Sua função é interromper as evoluções. Sua atuação na rede é de força, suas relação agora de poder. Seu principio sua arque não é mais eros, amor ou liberdade, é tanatos, violência e poder, não é mais um ente autopoiético gerador de evoluções cocriador da dança do universo, é componente do meio do corpo, do leviatã, artificial, servo de um status quo cristalizado, que executa movimentos reiterados e automatizados, programados, adestrados e predeterminados por um grupo que atua como espécie de sistema imunorepressor atacando e destruindo qualquer célula que apresente um comportamento diferente. Aqui o sistema já começa a apresentar comportamento corporativo do arcaico para o tipocrático. Quem não dança conforme a música, já era. Entes assim tendem a se constituírem, portanto como instituições não apenas agregando mais indivíduos frustrados, mas reproduzindo frustações. Tal comportamento se não puder ser eliminado rapidamente contamina toda a rede paralisando todo o sistema destruindo qualquer possibilidade de evoluções. Monopoliza, repete, cristaliza e morre. Monopólios O objetivo do ente frustrado ainda é o mesmo, mas como todo violador seus métodos é que são distintos. Incapaz de chamar ou centralizar as atenções com suas evoluções, a célula ansiosa por poder não tentará mais gerar evoluções, criando conexões, mas tentará ter manter e controlar outras células e conexões, pela eliminação da liberdade, privação e alienação dos corpos e vontades (fluxos) de outras células e conexões. A centralização é a hierarquia emergem quase sempre como estruturas cristalizadas ou status quo destas estratégia, que embora emerja como configuração centralizada ou indiretamente centralizada (hierarquia) é do ponto de vista dinâmico a mesma estratégia monopolista. A diferença parece pequena, mas não é. Uma célula libertaria tentando centralizar de forma absoluta as atenções tem muito pouca chance de sucesso, ou um sucesso bastante fugaz, afinal devemos lembrar que ao contrario do mundo em que vivemos no sistema aqui em proposição as demais células não foram programadas adestradas para serem telespectadores, todas ainda querem ser o centro das atenções. O ponto é que como célula livre nada faz ela além de dançar, comunicar-se. Uma célula mesmo sem muitas pretensões centralizadoras, mas digamos infectada pelo vírus do poder ou completamente frustrada, irá se valer de violência- digamos chocar-se com todas as células dentro do seu raio de ação, simplesmente como forma de demonstração de sua força seu domínio sobre um território, a base da construção do seu campo de força ou domus sobre o qual outros indivíduos não gravitam propriamente por desejo, mas por medo, em principio de serem atacadas, depois de não serem protegidas por sua violência ou ansiosas por partilhar desta mesma força e elas mesmas tomarem parte deste poder e lugar neste domus. Isto são as chamadas hierarquias, mas que não tem, mas nada de arque são qualquer forma piramidal entre uma monocracia e uma anarquia. Uma democracia onde algum tipo de escravo de tempo integral ou meio período trabalha para que algum desfrute do ócio parlamentar e mandar. Monopólios são estas redes de poder são constituídas no mundo real para criacao de matriz- domus e a exploração político-econômica do homem pelo homem através dos sistemas sociopolíticos. É importante notar que nesta simulação computacional booleano de evoluções e constituições de sistemas sociopolíticos, as diferentes ordem ou estruturas que emergem não são necessariamente boas ou ruins, uteis ou inúteis, mais evoluídas ou menos evoluídas, elas são sim produto da maior ou menor liberdade difusa ou libertarias, de vontades reprimidas ou expressas. Assim, quanto maior for a quantidade de células executando evoluções integradas por livre e espontânea vontade, maiores será o grau de autopoiese deste sistema. A inteligência destas células, ou seja, a capacidade de expressar estética simbolicamente suas evoluções de forma a conectar-se a outros intelectos e constituir novas estruturas integras por padrões complexos arquitetados por evoluções expressas por livre e espontânea vontade como um principio criativo a arque de um logos. Neste sentido o próprio fluxo da rede como ente autopoiético. A hierarquia Por outro lado quanto maior for o grau de desintegração do sistema seja ele provocado pela falta de inteligência dos seus componentes, isto é, a falta de capacidade de comunicar-se simbolicamente (conectar-se), maior serão o numero de entes frustrados e frustradores. E dessa desinteligência do sistema emergirão as relações de força ou poder, com a destruição obstrução, centralização por monopólio das conexões. As tipocracias. Cratos” é poder e toda a forma de cracia é a proposição consciente ou inconsciente de uma regulação da rede pela força de um determinado “cracia”. O que vem na frente buro, aristo, mérito, auto, demo, pouco importa o que importa é o que vem literalmente por trás, o poder da força. Arque é principio, um sentido para um movimento, não uma força que empurra puxa, atrai, ou cria vetores de força o campo domus. É inteligere muito mais uma vontade à medida que cria um sentido para um ente com autonomia e capacidade para gerar dinamicidade própria. A arque claro pode ser empregado com sentido pejorativo como em hierarquia, e com razão já que nunca conheci organização humana que tivesse tentado imitar a estrutura fractal como intenção libertarias. Contudo é importante lembrar que estruturas podem ser formadas até simultaneamente pelos dois tipos ou tendências organizacionais, à medida que um mesmo nodo pode reagir ou interagir de modo diferente a outros nodos conforme os reconhece ou irreconheça como pares ou diversos. Inimigos, amigos, neutros, desconhecidos. O seu padrão de comportamento é determinado não apenas pelas circunstancias, mas pelo condicionamento ou experiência recebida, assim como pelo comportamento tanto do ente em interação quanto de todos os demais que em interação com ele, influenciando sua evolução-decisão-comunicação nesse jogo social. Isto significa que uma hierarquia não é necessária uma tipocracia se não apresentar as características das relações de poder, isto é se seus componentes não se valem da do poder força ou violência para controlar os fluxos da informação evoluções ou ainda a formação de diferentes arranjos ou configurações entre os seus componentes ou as demais estruturas ou evoluções. Nem todo corpo com seus órgãos forma uma estruturas corporativa, nem toda a colmeia com sua rainha forma uma estrutura absoluta. Nem toda a estrutura de comunista forma uma estrutura totalitária. E nem toda estrutura libertaria o anarquismo individualismo absurdo. O elemento fundamental para a geração da perversão da arque em cratos é a supressão de eros por tanatos. A conversão de um ente livre dotado de vontade e inteligência própria num ser autômato. A arque é um principio o logos dinâmico constitutivo do sistema dentro da geometria fractal o próprio principio criador e replicador não apenas das estruturas, mas de sua evolução. Das Autarquias A arque como vontade primal ou inerente a todo ente cuja existência é movimento é em sua essência é a liberdade plena de fluxo dentro da rede. Logo a corrupção primeira da rede ou do principio constituinte das redes é a negação do fluxo. A relação de poder. O impedimento da expressão da vontade. Vontade não de terceiros, mas dos entes gerados da entidade fundamental de uma conexão os nodos. Em outras palavras um ente não tem apenas liberdade plena para se conectar, mas para também se desconectar de qualquer outro nodo. Ora essa liberdade que ninguém pode obriga-lo a ficar conectado a um centro, a uma hierarquia, mas também ninguém pode impedi-lo de fazê-lo se essa for a sua vontade! Ninguém pode obrigar os entes livres de uma rede a se distribuir ou mesmo a fluir contra a sua vontade, porque o fluxo, não é a dinâmica física aparente o fluxo é manifestação da Vontade! Em outras palavras o principio autogerador das redes é a liberdade. As hierarquias, monarquias, anarquias, oligarquias, panarquias, não são em si sistema bons ou runs, são apenas formas de auto-organização, ou desorganização dependendo do ponto de vista ou do gosto do freguês. Se um maluco quer se coroar rei do seu quintal e outros tantos acreditam que ele é soberano por vontade de deus, ou por sua própria vontade, ou é a própria senhor dos céus que o fez senhor da terra, ou qualquer coisa similar quem é o soberano mor pra impedi-los com a força bruta de idolatrarem seu rei, de prestarem seu culto, de terem sua cultura politica? Deixem que tenham sua religião monoteísta laica em paz. Quem eles incomodam? Não batendo na minha porta aos domingos como pregadores ou cobradores de impostos incomodam menos que muita gente. Deixem que eles paguem seus tributos, corem seus reis, passem faixas em seus presidentes, encham de títulos eméritos e pronomes de tratamentos os meritíssimos, os magnânimos, as suas excelências, deixem que eles coloquem peruca e toga em seus deuses e os idolatrem, porque não? Que elejam seu cavalo para o senado, porque não? Porque as pessoas não devem ter liberdade de culto laico? Porque as pessoas não podem idolatrar as autoridades medicas como os senhores absolutos de suas vidas se assim o desejam? Porque as pessoas não podem entregam os seus filhos as escolas e professores para que eles aprendam a obedecer, a fazer fila, comer e fazer xixi ao sinal de campainha como um cão de Pavlov? Se for o que elas querem, porque não? Quem nomeou a mim ou a você os salvadores e libertadores do mundo? O que podemos fazer de melhor além de sermos nós mesmos e vivermos em paz? O que podemos fazer além de tentar Inteligir? Se as pessoas querem entregar seu poder de decisão a outros e for roubada vigiada e tratada eternamente como crianças por políticos se essa é sua vontade deixam que é a façam? Se querem ser governados por ditaduras de maiorias ou minorias? Que seja. As pessoas tem o direito tanto o direito de obedecer quanto o tem de desobedecer. E se organizar em tantas formas diversas quanto são as suas vontades e possibilidades no tempo espaço. O Eros é o fator determinante da arque é, portanto a própria indeterminação difusa da diversidade. Não há certo, não há errado, há sim acertos e erros, e, portanto experiência e aprendizado. O sistema é inteligente e sensível, capaz de definir seu próprio sentido, e sentindo estrutura-lo de acordo com suas vontades, seu logos é a diversidade, e sua finalidade a evolução não para um ponto definido, mas para a indeterminação da multiversidade, uma panarquia, onde o mais absoluto e centralizador dos princípios a monarquia consegue conviver em paz como o mais desconstrutor e, portanto revitalizador dos princípios a anarquia simultaneidade. O Panóptico Ora é evidente que para que tamanha harmonia possa de fato ocorrer em simultaneidade à violência e a força bruta precisam ser senão completamente neutralizadas, reduzidas com eficácia suficiente de modo que o ruído que ela introduza jamais venha a novamente a contaminar o sistema com o vírus do poder. Quando a Eros, a arque, a estética da vida, paz, e liberdade é convertida Em tanatos, o cratos da cultura da morte, violência e poder? Quanto o Pai-Pátria-Patrão, o culto ao Patriarcado subjuga a natureza da terra, e a diversidade da rede é reduzida ao uno? Mais profundamente quando a mente se aliena de ente criativo e passa a ser um mero processador epistemológico deste tribunal supremo, deste inconsciente coletivo do Todo Poderoso, deste culto maldito ao Absoluto e a verdade única e excludente de todas as demais? Tal trauma, tal perversão da ânsia por liberdade e existência em medo e desejo de ter e poder não é mero um processo arquétipo de centralização, mas cratológico de monopolização, de alienação do homem pela privação dos meios de subsistência existência e expressão. Mais do que a exploração do homem pelo homem, através da rarificação e escassez é o monopólio do homem pelo homem é o controle absoluto da arquitetura física e metafisica do homem pelo homem. O homem que nasce em correntes servo de um próprio criador no céu de seus capatazes na terra. Onipresença, onisciência, onipotência, O panóptico metafisico projetado como entidade dividida e introjetada como superego, amaldiçoado a própria concepção de nossa vil existência. Intermediação do corpo, intermediação da alma, condenação do homem a viver como meio, não como ente. Amputado de sua beleza, divorciado de toda perfeição, Reificado no domus-matrix. Condenado a pena de Morte em vida da Servidão como autômato coisa. Propriedade. A totalização. O poder total e o mito do todo poderoso, são a chave da cultura do absoluto, producente da frustração original do pecado contra eros contra a criacao a criatividade a fertilidade e toda identidade criativa, bloqueador da personalidade. Dentro da rede este processo não se produz apenas como força que impede a expressões das evoluções livres dos indivíduos ou pensamento, mas o cerceamento da livre associação ou desassociações. Estupradores Se nossa seita de adoradores do rei, ou de pagadores de tributos de uma oligarquia persegue alguém decidisse abandonar o grupo, ou ainda se esse grupo passasse exige a conversão obediência, tributos, ou mesmo a audiência dos demais interrompesse obrigatoriamente sua novela com mensagem politicas bem temos claramente não mais um grupo com princípios uma arque, mas um grupo com um cratos, ou seja, um profundo desejo de poder desejo de tomar o poder, de se se fizer poder, se estar no poder, de mandar e ser obedecido. Temos enfim a pior estirpe de sociopatas soltos a ruas estupradores no caso políticos, ou seja, pessoas dispostos a satisfazer seus desejos e vontades sem se importar se os outros estão com a mesma vontade de satisfazê-los. Se estes violadores não tem uma autorização legal são bandidos; se as tem então você é o bandido se recusar fazer a vontade deles. Às vezes eles escrevem antes o que vão fazer com você, e a isso se chama constituição- e então você não tem mais o direito de negar a dar porque não sabia que não tinha que dar. É claro que estou pintando o quadro com cores pesadas. Mas não raro ele tem mesmo essas cores. E a ideia é justamente usar o contraste para denotar bem onde a inversão do principio se faz perversão. O fator determinante a constituição de uma corporação tipocrática é obviamente o cerceamento da liberdade individual, ou do ponto de vista da rede o controle do fluxo ou das conexões e dos isto não implica num ataque não só direto tão somente ao individuo, mas a todas as formas de expressões de sua identidade criativa ou diversidade pessoal que não estejam absolutamente condizente com as normas funcionais da organização. O corpo funciona como sistema imunorepressor de seus componentes internos e externos interagindo de forma não apenas resistiva ao meio, mas destrutiva a qualquer alteração de sua forma- configuração. O sistema atua, portanto normalizando, uniformizando, mediocrizando seus entes em componentes, fazendo-os partes de um conjunto e não mais de uma rede. Ovelhas de um cercado. Moradores de um território e não mais cidadãos de uma sociedade. Não há mais evolução, mas estatus quo. Não é de se espantar, portanto que a partir deste momento, a única expectativa possível de inovação sejam as revolucionarias; ou seja, as que quebrem a inercia do sistema, atacando violentamente as amarras artificiais que libertando prendem pessoas e movimentos naturais desta engrenagem. O problema é que uma revolução não como os meios denunciam não tem princípios, mas fins. É movida igualmente por frustrações e frustrados e ainda que tenha uma causa não tem uma arque, mas um cratos. Seu fim é arcaico o poder. E sua cultura a da violência. A cultura da Violência As culturas da violência é o produto imediato da relação de poder. Sendo que a própria ideia de cultura já é uma perversão da autopoiese, à medida que não se cria se cultiva. Cultura é extensiva, é uma ideia odiosa. A estética é a expressão original da rede. A rede cria arte, o sistema reproduz cultura. Semeia doutrinas em crianças, para colher adultos obedientes. Nessa plantação de gentes, nessa cultura de escravos em sua grande maioria assalariados, imigrantes pobres nos países latrinas na divisão de trabalho do mundo , não se mantem apenas com repressão física ou aprisionamento de corpos, é necessário o controle psicológico. Antigamente duas pessoas eram capazes de se matar sem se conhecer apenas por ter deuses diferentes, uma língua diferente, uma bandeira diferente, desde que seus mestres mandasse que o fizesse. Infelizmente ainda existem pessoas subjugadas e condicionadas a este ponto no mundo, mas não em numero suficiente-espero. Técnicas mais aprimoradas de terror contra seu próprio povo, e incentivos mais sofisticados são necessários para empurrar pessoas se matarem umas as outras para viverem uma vida diferente de sua própria vontade comprar lixo, ou até contraria todo dia seus instintos mais básicos de vida, liberdade ou dignidade. É preciso muitas vezes trancar uma criança vinte anos numa escola e muita TV para conseguir isso, e nem sempre funciona. A chave é o mito do Uno para que ninguém escape da formação, para que ninguém deserte das fileiras, deve ser incalculado que só existe uma verdade. E essa verdade é seu deus, todo poder e o poder total. Deverá ser escravo dele, deverá se submeter a ele, deverá adorara-lo. Mas como? Com devo idolatra-lo? Como devo servir a meu mestre, criador, e senhor? Ora simples seu vagabundo inútil: Trabalhando! Trabalhando! Trabalhando! Trabalhando! E se de vez em quando dando seus filhos para morrer na guerra. E fincando orgulhoso com isso. Só o trabalho salva. Há todo um processo de falseamento da raridade, tudo é escasso. Tudo é raro. Tudo precisa ser produzido a duras penas. Nada é de graça. Como se toda a vida não adviesse de uma fonte de energia inesgotável e ainda possível distribuída de forma completamente indiscriminada e universal de energia, a luz solar, horror dos monopolizadores. Não por acaso os primeiros sacerdotes monoteísta espertamente identificaram deus ao sol o provedor da luz. Se ele é o senhor que de dá a vida é ele que você deve à paga, e eu sou o seu cobrador na terra. Dízimos e tributos. Igrejas e Estados são frutos da mesma vinha esperteza e ódio. A ideia central é o sacrifico de muitos para o desfrute do ócio criativo e politico de poucos. A centralização não basta, é preciso construir uma periferia permanentemente excluída pela ausência dos meios para pô-la a servir o centro. A base da pirâmide nunca ascende, e nunca tem chance de sair da base porque esta esmagada sustentando toda a estrutura. Não é propriamente necessário mais agir para manter a estrutura, o própria do jugo, a própria destituição das liberdades fundamental dos indivíduos para estabelecer as conexões em rede já constituem impedimento mais do que suficiente para que outras formas de organização não tenham chance de emergir, e as evoluções fora do cratos sejam marginais, vagabundas, condenadas a morrer de fome. Nas estruturas político-econômicas não há espaço para ver a beleza dos os lírios do campo. Ou compreender a complexidade de porque os pássaros do céu que não plantam nem fiam não caem amaldiçoados por deus, raivoso, agourento, porque não deu morreu desde seus gêneses trabalhando como o suor do seu rosto ou pisando no pescoço da sua mulher. Fractais A arvore cresce naturalmente hierarquia fractalmente como um corpo hierárquico, a floresta se espalha anarquicamente pelo território. As abelhas polinizam em padrões entrópicos tão complexos que parecem completamente anárquicos. Animais organizam-se sob os mais diferentes arques tanto socialmente quanto sexualmente. Monogâmicos, poligâmicos... Qual o principio correto? Qual o principio verdadeiro? Estas são perguntas que não cabem à natureza das coisas criativas Porque a natureza das coisas É ser e não ser julgadas por servos de seres e poderes supremos e representantes autorizados legalizados e titulados de verdades absolutas. A arque quando se torna verdade absoluta se torna arcaica e morre, vira uma verdade. Somente aquilo que ainda não verdadeiro é interessante porque não existindo carece ser realizado, utopia ideia, futuro, vontade de ser poieses. Evolução. Quero dançar como abelhas. Eu sou a mosca na sua sopa. Quero me coroar como Quincas Borba e abdicar do meu próprio reino. Quero servir a quem vence o vencedor. Quero obedecer ao meu mestre e desobedece-lo. Quero ser mestre do meu mestre e abandona-lo. Quero ser um homem livre com direito e liberdade de credo religioso e politico sexual, liberdade de associação e dissociação em todos os sentidos humanos, sem sofrer violência privação ou expropriação dos meios naturais. Quero ter direito ao ócio e ao capital e colher tanto seja o lucro ou o prejuízo por me expor a este risco, quero ter o direito de me associar com outras pessoas para me proteger deste e de outros riscos em contratos sociais como ou sem intermediários de acordo com minha vontade, para nossa proteção mutua ou mesmo universal. Evidentemente que entre a expressão de uma vontade e a construção de uma realidade a uma distancia razoável e muito trabalho, trabalho no bom sentido da palavra, a ser realizado, ou seja, há muita criacao a ser feita por ociosos absurdamente compromissados com sua vontade de nada mais nada menos criar um novo sentido, juntos. Esculpir o social. Libertar. A arvore não foi apenas podada, faz tempo que rio foi desviado. Não estamos apenas falando então de técnicas de libertação da escravidão, mas da alienação. O desejo de poder mora, sobretudo no nosso coração frustrado. A libertação começa quando nos libertamos dos anseios cultivados por ter e poder dentro de nós, das vontades plantadas de mandar e obedecer que não são um fetiche nosso. Traumas, medos e anseios, muitos deles completamente reais frutos de uma sociedade que priva as pessoas dos meios de vida mais fundamentais e ao priva-las da dignidade embrutece. Não falo apenas da privação material, falo da privação estética da privação cidadã. Não devemos confundir a privação com pobreza. Ser privado de algo não produz instantaneamente pobreza. Assim como a falta de luz não leva a cegueira. A violação está na perpetuação no prolongamento da privação contra a vontade de modo que o individuo perca não sua capacidade, a intenção aqui não é cegar, mas a sua vontade de ver, alienar. Ele continuará vendo, mas não mais enxergando, só verá o que é para ser visto. E como o sequestrado que passa a idolatrar seu violentador por sofrimento ele ainda por cima será grato àqueles que lhe tomaram sua visão, e chamarão o seu novo estado de inconsciência e alienação de revelação. A esse processo de educação feito por todo vida conosco chamamos educação a base da transmissão daquilo que chamamos cultura, o cultivo de gentes, ensinamento, doutrinação, por negação do florescimento de qualquer espirito estético artístico, por negação da capacidade co-significativa do aprendizado criativo em rede. A autopoiese esta morta o espirito estético destruído o ente é uma estação repetidora retransmissora da programação da emissora de telecomunicação. As tecnologias totalitárias do século XX não inventaram nada elas apenas amplificaram um sistema muito antigo de adestramento-programação de seres humanos em servo-escravos-autômatos. Transcendência No cratos contemporâneo a e é reduzida doutrinação. A estética é reduzida a cultura. A ecologia é reduzida economia da escassez e a dignidade a provisão da materialidade do mínimo. A ordem é reduzida ao poder politico. O direito é reduzido cidadania. E a sociedade é reduzida ao estado civil submetida ao monopólio do poder estatal. E a liberdade ao direito liberal de papel. Liberdade não é poder de escolhas é o poder de transcender as privações Superar a pobreza. Transcender é diante de caminhos ou escolhas preestabelecidos construir suas próprias. Não é a negação nem a afirmação, não é nem mesmo a síntese. É a superação do problema, pela recusa da aceitação dos termos em que ele estão propostos, em verdade as soluções de um problema já estão inseridas em sua proposição. O importante não são as respostas que se pode dar mais as perguntas que se é capaz de fazer? Criar suas interrogações consiste no verdadeiro estado de transcendência, negar ou afirmar as respostas são evoluções naturais que podem ser ou não desenvolvidas conforme a vontade. Ser livre não é escolher entre os caminhos preestabelecidos, mas questiona-los e questionando-os construindo os seus próprios novos ou completamente idênticos aos antigos, mas indiscutivelmente criação da sua fé, dos seus principio. Sua evolução. Compromisso como sua vontade. Libertação Libertar-se não é sair da privação, mas é necessariamente sair da pobreza, porque a pobreza é o estado de espirito que fica mesmo quando se vai à privação. A privação escraviza, a pobreza aliena. A privação, pobreza, e alienação; os três estágios para a formação da mentalidade completamente submissa no culto ao absoluto e devidamente conformada ao estatus quo; Mentalidade alienada, pronta a preservar a estrutura que a conforma como se fosse a própria fonte de sua existência. Funcionando como parte de corpo. Idolatrando essa totalidade estruturada não importa exatamente como... O importante é que agora o alienado não apenas não abandonará mais a formação, mas como parte deste todo irá dar a própria vida para preservar essa forma com a qual identifica a sua imagem e semelhança. Sem ela sua vida perde função e sentido. Ele não é mais um ser com sentido próprio, autônomo. O alienado é o Todo. Deus salve a América. God Save The Queen. Brasil ame ou deixei-o. : “tudo no estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado”. O maior problema deste modelo tipocrático é que ele sendo fundamenta na mais absoluta intolerância autoritarismo, totalitarismo, monopólio e verdade únicas, a tendência é que todo individuo pertencente a este culto tende a considerar uma ofensa pessoal e direta a ele, a deus e a própria verdade qualquer forma de pensamento, estilo de vida, que contrariem a cultura dominante. Mesmo quando o conceito chave do adorador é o relativo, a tolerância, a diversidade o anarquismo, a igualdade, a liberdade, a arque perturbada do individuo, transtornada pelo poder, tende a fazer a de seu pensamento não uma entidade aberta a entendimento, mas tão somente discriminação e julgamento fazendo seus juízos e emitir suas sentenças monocráticas. A liberdade então passa a ser a proibição de proibir. A igualdade a obrigação de compartilhar. Até a anarquia passa a ser uma estrutura estática onde é proibida a emergência de qualquer padrão que não seja entropicamente complexo ou perfeitamente distribuído. A relatividade até a relatividade passa a ser a mais absoluta de todas as generalizações, ou seja, a negação absoluta da verdade pela máxima relativização de todas as perspectivas. A negação de qualquer universalidade pelo BIGBROTHER relativista. A policia internacional do politicamente correto para a relatividade cultural adverte: Direitos universais são proibidos porque ferem a multiculturalidade. Democracia A republica então se torna cracia do demos. Uma ficção já que a ditadura da maioria sobre as minorias leva aos genos e etnos cídios. A democracia de fato é a ditadura de poucos atores representando figuradamente a vontade de todos os demais. Literalmente uma representação. A panarquia exige naturalmente um mínimo denominador comum à paz, ou de razoável expectativa de segurança. Algo que evidentemente não se produz com violência, nem com redes completamente indefesas perante estruturas tipocráticas. Defesas não significam capacidade de ataque. Significa ter um sistema com capacidade para neutralizar tanto os ataques quanto antes das fontes geradoras da violência como padrão de comportamento ou formação estrutural. Não apenas neutralizar a perversão da eros em tanatos, mas subverter com suas evoluções as estruturas arcaicas; desconverter pela transcendência simbólica-comportamental as mentalidades alienadas e tipocratificadas; quebrar o processo de escassez natural ou monopolização artificial ou compartilhando não apenas o virtual que pode ser infinitamente dividido, mas também o pão multiplicável pelo milagre da teia da vida; explodir com o domus da privação-pobreza-alienação o templo do culto piramidal ao absoluto e onde idolotras cegos imolam a humanidade a baal há milênios. Liberdade não depende apenas da liberalidade que um indivíduo tem para desenvolver suas potencialidades ou evoluções, liberdade emana, sobretudo das condições reais ecológicas-politicas-estéticas plenas para manifestar na realidade sua vontade como a expressão do sentido-significação para sua identidade em interação com os demais entes dotados da mesma liberdade sócia interativa. A liberdade é não estar apenas de estar livre das privações, da pobreza, é estar livre dos condicionamentos e alienações, é estar livre das compulsões psicológicas que impedem a manifestação da vontade para além dos medos e desejos meramente circunstanciais e manipuláveis pelo sofrimento e felicidade. Liberdade é poder sobre si e sobre mais ninguém para dar sentido a própria existência acima das condições preestabelecidas pelo próprio meio ou sistema. É criar sua própria evolução em conexão com a rede que sustem a sua própria existência. Liberdade para todos é o próprio etos da rede enquanto multiverso. A dinâmica do sistema ou a arque do qual emergem os seres e suas vontades como a própria manifestação da vontade de ser. Liberdade como fonte geradora da segurança existencial e não violência. Abundancia. Plenitude, universalidade, compartilhamento por multiplicação e não divisão. Desigual mas autossuficiente para enquanto autogerada pelos coparticipantes do sistema. Cosmopolitas Para tanto é necessário um sistema desintermediado P2P de segurança como seguridade desta liberdade real no mundo real, um sistema de seguridade descentralizado sem autoridade central, mas ao mesmo tempo universal que garanta sem discriminação à tolerância e o estado de paz necessário à liberdade como estado de segurança sobre os direitos fundamentais a liberdade em rede. Uma Internet para a paz como liberdade para todos. Um sistema livre de seguridade descentralizado e sem fronteiras. Essa garantia de bens comuns e particulares para todos, essa renaturalização dos recursos básicos definida e regulada pelos próprios componentes da rede seria suficiente para aplacar a assanha por ter e poder? Quebrar os sistemas ou mesmo impedir as hordas de estupradores político-econômicos dispostos a espalhar e impor seu culto a ferro e fogo novamente por toda a terra usando exércitos armas e violência voltem a emergir? Não se imporia novamente as ditaduras das maiorias sobre as minorias, dos mais fortes sobre os mais fracos? Não haveria de novo um ciclo de autodestruição? Não faz parte da própria dança da vida que a espécie que nasce sob o signo de eros naturalmente seja violada e sucumba como tanatos? Não necessariamente a liberdade precisa se perverter em poder. Ou a resistência a violência se faz com violência. A transcendência é uma possibilidade nos sistemas. Quando uma pessoa se revoluciona passa a apresentar evoluções libertarias, dotadas da capacidade de provocar disrrupções internas e externas capazes de provocar curtos-circuitos nos programas e novas e inesperadas conexões. Aonde até agua virá vinho. São formas de comunicação por atos simbólicos de desobediência civil que transcendem o status quo e são capazes de reinspirar à vontade primal fonte da vida que mantem todo ente da vivo respirando apesar de tudo. A libertação é sobretudo um ato não egoísta daquele que ao olhar e se solidarizar com o outro consegue libertar a si mesmo. Não é um ato de paixão por um semelhante, mas o ato de compaixão para com um desconhecido, por um estranho. A capacidade de compartilhar deste profundo sentimento existencial e sentido de existência para além do seu próprio nariz, para além da sua própria barriga para além da sua própria desejos e necessidades. De fazer do diferente, não objeto de xenofobia, mas de universalidade. É o etos de conectar-se com o tudo. Sentir. Sem medo de sofrer. E lutar como dignidade pela vida, sem medo de morrer lutando. Parece que o fim da violência está apenas quando abaixamos as armas. Esse é o maior engano. Quando um pacifista abaixa sua arma e abre o peito pede para morrer como um cordeiro. Como uma criança. Como um inocente, Sacrificado. Quando ele levanta suas armas para lutar já perdeu a guerra porque cruzou a trincheira. A única arma da não violência é a não omissão perante a privação material a pobreza politica e desigualdade cultural-estética a cavalaria dos patronos de toda injustiça social, bancadores dos signos de poder e monopólios da violência. Ter um planeta para chamar de terra é antes de tudo, ter um mundo para chamar de humanidade. Não há sentido sem sentimento, nem significado sem liberdade. Liberdade Real para Todos. Governe-se.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Governe-se por Thomas Paine em os Direitos do Homem, 1792

“Grande parte da ordem que reina na humanidade não é efeito do governo. Tem sua origem nos princípios da sociedade e na constituição natural do homem. Existia antes do governo e continuaria existindo se a formalidade do governo fosse abolida. A dependência mútua e o interesse recíproco da cada homem com respeito aos outros e que todas as partes de uma comunidade civilizada tem umas em relações às outras criam um grande encadeamento que a mantém unida. (...) O interesse comum regula suas preocupações e forma a sua lei, e as leis ordenadas pelo uso comum tem maior influencia do que as leis do governo. Em síntese, a sociedade executa por si mesma quase tudo o que é atribuído ao governo. O governo é necessário apenas para cumprir umas poucas funções para as quais as sociedades e a civilização não são convenientemente competentes (...) e tudo o que o governo pode acrescentar de benéfico além delas é realizado através do consentimento geral da sociedade, sem governo.(...) Existe uma aptidão natural no homem, e mais ainda na sociedade porque esta abrange uma maior variedade e recursos para se ajustar a qualquer situação em que se encontre.No momento em que o governo formal é abolido, a sociedade começa a atuar. Uma associação geral tem lugar, e o interesse comum produz a segurança comum. A afirmação de que a abolição do governo formal signifique a dissolução da sociedade está tão longe da verdade pretendida quanto a de que o governo promova um impulso contrário, produzindo uma união ainda maior da sociedade. Toda aquela parte de sua organização que a sociedade havia confiado ao governo é outra vez a ela incumbida e age por seu intermédio. Quando os homens tanto por força do instinto natural quanto pelos benefícios recíprocos, se habituam â vida social e civilizada, na prática sempre há o bastante dos princípios dessa vida para ajudá-los enquanto realizam as transformações que julgam necessárias ou convenientes fazer em seus governos. Em suma, o homem é tão naturalmente uma criatura da sociedade que é quase impossível colocá-lo fora dela. O governo formal constitui apenas uma pequena parte da vida civilizada, e mesmo quando se estabelece melhor que a sabedoria humana pode conceber, é uma coisa mais ideal do que factual. É dos grandes e fundamentais princípios da sociedade e da civilização – do uso comum consentido universalmente e mútua e reciprocamente preservado, do incessante fluxo do interesse que passando através de um milhão de canais, fortalece a massa total de homens civilizados – é de todas as coisas, infinitamente mais que de qualquer coisa que possa fazer mesmo o melhor dos governos instituídos, que dependem a segurança e prosperidade do indivíduo e do todo. Quanto mais perfeita for a civilização, menos necessitará de governo, porque regulará melhor seus próprios assuntos e governará melhor a si mesma; mas tão contraria à razão é a prática dos governos antigos que seus gastos crescem na proporção em que deveriam diminuir. São apenas umas poucas leis gerais que a vida civilizada exige, e são leis de utilidade tão comum que, quer sejam impostas pelas formas de governo quer não, o efeito será quase o mesmo. Se examinarmos quais os princípios que primeiramente concentram os homens na sociedade e quais são posteriormente os motivos que regulam suas relações mútuas, descobriremos, quando chegarmos ao que é chamado governo, que quase todo o processo é realizado pelo funcionamento natural das partes umas sobre as outras. Com relação a todas estas questões, o homem é uma criatura mais consistente do que ele mesmo sabe ou do que os governos desejariam que ele acreditasse. Todas as grandes leis da sociedade são leis da natureza. As do intercambio e do comercio, das relações entre indivíduos ou nações são leis de interesses mútuos e recíprocos. São seguidas e obedecidas porque agir assim é do interesse das partes, e não porque seus governos possam impor ou interpor alguma lei formal.” Thomas Paine, os Direitos do Homem 1792.

terça-feira, 25 de junho de 2013

DEMOCRACIA 3.0

Nossa Proposição de Reforma Política: Democracia Direta Digital Plebiscito Permanente Convocado a qualquer momento por qualquer cidadão via Site Governamental e votado pelos próprios eleitores. Seja para a proposição de leis, seja para a troca imediata dos representantes eleitos (recall). Claro que a constitucionalidade de cada proposta de consulta deve ser primeiro devidamente apreciada e ajustada pelo judiciário antes de virar plebiscito para que se garanta o estado de direito, e não se institua uma ditadura da maioria contra as minorias, nem se faça a apologia da violência. Os propositores têm por sua vez, sempre o direito de recusar o ajuste e refazer a proposta. Mas, uma vez aprovada uma proposição de consulta, ela é aberta dentro do site governamental para receber os votos de apoio de outros eleitores para que se torne um plebiscito. Se um número X de eleitores der o seu voto para que a proposta de consulta se torne um plebiscito, então o site automaticamente abre o plesbicito eletrônico que deverá durar o tempo necessário, meses se for preciso, para que todos os eleitores possam acessar a internet gratuitamente e votar via aplicativo de celular ou computador. A inclusão digital passa ser um direito político fundamental. E não suprime os poderes do congresso. Funciona como lei de iniciativa popular previamente autorizada pelo poder legislativo a ir a consulta pública se legitimada pela própria população e judiciário. Utopia? Não. Já estamos em fase avançada de desenvolvimento de softwares não só para a governança colaborativa e participativa, mas para o provimento desta democracia direta via internet e outras instituições digitais em rede que permitam atender as demandas de uma nova geração que já nasceu conectada, e exige respostas em tempo real (ondemand), uma nova geração que controlam suas vidas desde crianças com um clique, e não vão se adaptar aos antigos e arcaicos ritos burocráticos e hierárquicos. Não, não é uma questão de revolução, mas de evolução, ou melhor, de adaptação tecnológica a era da conexão. Não são só as estruturas que estão ficando velhas e ultrapassadas, é o mundo que está ficando mais rápido. E dinossauros embora gigantes e poderosos, sempre são extintos. A geração V, não vai aceitar as velhas agendas políticas e suas manobras, eles não foram doutrinados em suas ideologias. Eles não vão se comportar como massa, nem responde aos modelos teóricos do século XX. Seu mundo não é feito de estruturas, é dinâmico e seus pensamentos fazem evoluções pela res-pública de ruas e redes compartilhadas. A liberdade real não é mais um privilégio de poucos, ela é um direito civil. Na era dos sentidos e significados co-criados em rede, os Estados só têm dois caminhos, o totalitário ou o libertário, e nosso povo já fez sua escolha e não é de agora: Libertas que sera tamem... governe-se.com

domingo, 23 de junho de 2013

Pela Liberdade de todos de se Manifestar

Não aos Fascistas. Também não tenho muito apreço por partidos nem por políticos; não gosto de TV; e com esforço suporto a militância política; mas vou pra rua e até ponho a cara pra bater junto com eles, pelo direito deles de se manifestar e expressar. Até porque o direito deles é o mesmo que o meu (e o seu). Não podemos tolerar que um grupo de fascistas intimide e agrida nem militantes, nem jornalistas - não importa o quão inoportuno ou oportunistas achemos que estes ou aqueles sejam. Já nem importa mais o que achamos ou se concordamos uns com os outros, agora o mais importante é que mesmo discordando irremediavelmente uns dos outros, mesmo até desgostando uns dos outros, que demonstremos o quanto não estamos dispostos a tolerar a violência. E se o Estado pensa que muito faz em não agredir ele está muito enganado; seu dever é proteger. Ele não pode deixar a população para ser agredida ou arregimentada (contra o próprio Estado) por protofascistas mal disfarçados de nacionalistas. Um Estado de direito não é um estado em que os policiais não atacam ou reage desproporcionalmente, mas um estado onde as forças de segurança garantem a integridade dos manifestantes, sobretudo contra aqueles que querem se apoderar do espaço público pela força. Não vamos entregar as ruas aos intolerantes. Sociedade civil, militantes, anarquistas, libertários, liberais, jornalistas, não vamos abandonar as pessoas que estão protestando nas mãos de pessoas que pregam o partido único, o partido total. Este é o apelo que fazemos, vamos apoiar in loco e juridicamente toda manifestação pacífica e que nenhum militantes ou jornalista sejam hostilizados. Este é o apelo que fazemos as outras ONGs, Militantes, e Jornalistas, vamos apoiar não apenas a liberdade de manifestação, mas o direito de todos, sem exceção, manifestar sua liberdade de expressão em segurança. Cobramos que as lideranças políticas e governamentais cumpram o seu dever que não é o de militar, em nenhum sentido da palavra, mas o de garantir a segurança dos manifestantes e sua plena liberdade de manifestação porque sem esta garantia incondicional da liberdade não teremos um estado de paz, e nem muito menos um espaço público para a democracia. Governe-se.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Seasteading - Há um novo Mundo a ser descoberto

“A aqüicultura (BlueRevolution) e não a internet representa a oportunidade de investimento mais promissora do século XXI”. Peter Drucker. Dizem que muita gente já havia estado no novo mundo antes de Colombo, e mesmo muito antes de Cabral descobrir o Brasil, ele já havia sido descoberto. Depende do que se entenda por descobrir. Se descobrir é quem pisou ou avistou primeiro não foi nenhum viking, chinês ou europeu a descobrir o Brasil, mas o índio, a menos é claro que se continue considerando o mundo da perspectiva eurocêntrica onde os índios não contam. Contudo descobrir não é ocupar, avistar ou passar por um espaço, mas conhecê-lo. Itegrar-se ao meio. Algo que simplesmente fincar bandeiras, ou traçar linhas imaginárias definitivamente não faz. Podemos ter mapeado praticamente todos os lugares do planeta e já dividido entre os estados-nações cada palmo de terra, mas desconhecemos completamente o mar. E mesmo tendo navios e satélites, tendo avistado, ocupado, mapeado e mesmo explorando e poluindo intensivamente praticamente todos os cantos deste espaço do planeta, ele ainda permanece um espaço desconhecido, ou melhor, irreconhecido do planeta. Por um lado isso é excelente, porque é ainda um dos poucos espaços internacionais do globo, isto é, um dos poucos espaços ainda naturais não reivindicados como exclusivos por forças armadas de um país. Por outro, isto é um campo onde qualquer um pode praticar o que quiser contra tudo e contra todos, sem que ninguém possa interceder em favor de tudo e de todos. Podemos olhar e estar todos os dias para uma coisa e jamais descobrir o que ela é. Por muito tempo o homem esteve sobre a terra, mas só descobriu que ela era redonda quem conseguiu pensar nela para além de seus horizontes planos. Óbvio que ninguém antes vivia em terras planos, mas habitava mundos planificados por mentes que viam apenas superfícies. Viveram sem nunca descobrir o que estava na frente de seus olhos e debaixo dos seus pés, e dentro do seu discernimento o mundo é redondo. Dizem hoje que não há mais para onde ir, que as utopias só têm espaço em mundos virtuais, ou zonas autônomas temporárias, discordo e discordo como Colombo e os piratas quando simplesmente olho para o mar. Mas não há mais terras a serem descobertas! Terras não, mas mares sim. As águas internacionais podem abrigar novas utopias. Novos mundos, novos experiências em política e economia, novas sociedades fundadas na proteção de fato dos direitos humanos, e constituições não apenas com disposições mas dispositivos que garantam liberdades reais. Estados Libertários em águas Internacionais. Uma idéia que exige uma quantidade razoável de capital, tecnologia e disposição de pessoas capacitadas política e cientificamente para isso, creio que neste século temos estas três condições. Se para utopias piratas era preciso a tecnologia da navegação, para as utopias libertarias é preciso as tecnologias das plataformas, telecomunicações, a teoria de redes. E a ecologia. Oceanografia. Bem, é preciso uma quanta considerável de conhecimento. Acho com sinceridade que construí-lo é um objetivo razoável, não como uma fuga do mundo real, mas como uma forma de construção experimental e científica, de novos contratos sociais e sistemas socioeconômicos capazes de produzir uma referencia concreta, e não apenas de papel para as políticas e empreendimentos sociais de um futuro cada vez mais próximo e rápido. Ufanismos a parte nesta corrida em busca do descobrimento e colonização no bom sentido, se é que há alguma da palavra, do mar o Brasil é novamente privilegiado, se finalmente acordar, pode ser o primeiro país do mundo a lançar em águas internacionais um Estado Livre Libertário, Libertas que sera tamem, com tratado de proteção e cooperação econômica e científica com o Estado Brasileiro e ONU. Possuímos todo uma costa a ser descoberta, condições, tradições de pacifismo, defesa da autodeterminação, excelência em plataformas em alto mar, e pedagogias democráticas críticas e libertárias, vide Paulo Freire, e ainda por cima pioneirismo em organizações libertárias que realizam de fato projetos libertários, como o ReCivitas -do qual este o autor deste artigo é um dos fundadores. Utopia? Como disse Oscar Wilde "Um mapa do mundo que não inclua utopia não vale nem a pena ser visto... Progresso é a realização de utopias"

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Direito Experimental

Por uma Ciência dos Contratos Sociais Introdução Metodológica Podemos definir um objeto de estudo a partir de princípios teóricos, ou deduzi-lo a partir de sua prática. No primeiro método corremos o risco de chegarmos a algo inexistente. O que não significa algo necessariamente falso, mas também possivelmente novo. Diferença a ser determinada principalmente pela disposição em se colocar em prática as conclusões. No segundo método não se objetiva a inovação, mas pode ser coadjuvante nesta busca; ajudando a evitar caminhos que apontam para o mesmo destino, o status quo. A literatura também ajuda a fugir deste lugar comum; e da comparação entre as duas- a doutrina original e sua realização- podemos tirar lições que poderiam fechar alguns flancos da proposição às interpretações desvirtuadas; precavendo-se na medida do possível de adulterações, uma vez que impedi-las parece impossível. Entretanto essa comparação é tarefa para outro momento, até porque a literatura é extensa e o tempo de vida para realizar, curto. E mesmo que repitamos muito do que já se disse, que ao menos sejamos bem sucedidos em afirmá-los também como prática. De modo que no futuro possamos lê-los também diretamente da realidade. Aqui nos ateremos primeiro a uma análise dos princípios subjacentes na pratica do Direito, para imediatamente propor uma abordagem alternativa, onde os fundamentos de uma possível ciência do direito não estariam alicerçados na autoridade de um saber ou poder maior, mas na validação empírica de contratos sociais, naquilo que denominamos por Direito Experimental. O Direito como ele é Diz-se que um estudo é mais confiável quanto mais apartado e distante se encontra o observador do objeto a ser estudado. Bobagem. A melhor perspectiva de aprendizado é sempre a de dentro, ou como diz o ditado “ninguém sabe melhor onde o calo aperta, do que aquele que sente a dor”. Aliás, não faz sentido perder o momento; se afastando ou esperando o evento passar para estudá-lo, como se a única ciência possível fosse arqueológica, quando de fato o momento ideal para o estudo de um objeto é na riqueza de sua atualidade, imerso na experimentação do real e não na mera observação ou análise de dados. Desta perspectiva o Direito quando não reduzido a subproduto do estado-nação e suas leis, submisso a estes está. Dentro desta compreensão delimitada identificamos três processos elementares de exercício do que se chama por Direito: • A elaboração, estudo e validação das leis, em conformidade as cartas magnas de cada estado-nação. • O julgamento dos atos perante as normas vigentes. • O lido com os tratados internacionais. O último, o que mais se aproxima do direito como ciência capaz de se sustentar pelos seus próprios princípios. Contudo, sem jamais se consumar como tal, uma vez condenado a servir estados-nações bélicos, quando não explicitamente belicosos, na imposição e justificação de acordos, umas perante as outras, conforme suas forças de fato- econômicas, em primeira instancia, armadas nas derradeiras. De fato em todos os três processos o Direito está reduzido a instrumento de resolução de conflitos entre homens ou grupos, e não há com negar que por vezes consegue cumprir a contento seu objetivo, assim como tantas outras não. Contudo, como tentaremos demonstrar este é um uso e compreensão que delimita, subestima e subutiliza o Direito. O Direito se pensado não apenas como código, ou doutrina, mas como sistemas autogerados de relações sociais, pode ir além da resolução de conflitos, pode superá-los através da neutralização de suas diversas fontes geradoras. A dinâmica dos direitos O que impede que o Direito assuma esse maior protagonismo na busca pela Paz, é primeiro sua premissa e depois o seu método, consequente desta. A premissa é mecanicista e totalitária. Supõe que seres dotados de vontade própria em livre movimento num mesmo espaço, inevitavelmente irão chocar-se em suas trajetórias de vida, invadindo, confrontando-se e delimitando assim as suas liberdades e possibilidades na inversão proporção de seus domínios e poder. A notória idéia de que a liberdade de um indivíduo termina onde começa a do outro. Uma possibilidade inegável; mas apenas uma entre n, cuja probabilidade de ocorrência é imensamente menor se comparada a tantas mais, onde o resultado do encontro entre indivíduos é o aumento de liberdade não apenas das partes diretamente envolvidas, mas de todos dentro do sistema. (Sobre as limitações desta visão, vide Artigo 1) Tribunais do Pensamento O método é o julgamento. Fundando na pressuposição de inocência e culpabilidade, veracidade e falsidade, remissas do culto ao absoluto, tanto em sua evidente procedência religiosa, quanto em sua mais profunda raiz epistemológica (Sobre o culto, vide Artigo 1e2). Pressuposições de uma realidade reduzida a um único processo causal, e a uma única causa primordial, quando a realidade não é apenas composta de múltiplas perspectivas, mas de diversas, e até contraditórias, conceituações e perceptos, que uma vez compartilhados em comunidade, isto é, integrados via intelecção, produzem uma aproximação razoável da realidade, sem, contudo, jamais compreendê-la como todo. Sistema complexo, onde a idéia do real se compõe tanto da sua afirmação, quanto da sua negação, com nexo proporcional as conexões entre todos os demais abstratos da realidade; e uma compreensão tanto mais ampla, realista e pronta para ser desenvolvida, quanto mais consciente são os intelectos que a concebem do seu grau de limitação epistemológica pela própria imersão no sistema. Notem que não estamos aqui falando de verdade singulares relativas, mas de uma pluralidade de afirmações do real, capazes de compor n sistematizações possíveis para uma mesma realidade que não apenas não se reduz a sentenças e juízos de verdade ou hipóteses falseáveis, mas de concepções capazes de trabalhar a incerteza, o desconhecido, o imponderável, e até o incognoscível como elementos que compõe um sistema conceitual de representação do realidade, naturalmente livre de pretensões de verdade, lei, ou univocidade. Objetivando tão somente de razoável capacidade de entendimento e interação com a realidade, de modo a permitir que o intelecto não apenas participe do mundo real, mas dê realidade a suas concepções, modificando a si e ao mundo em simultaneidade e complementaridade. Concepções como constructos do real, e não juízos de verdade para a realidade. Comunidades Científicas Contudo antes de poder influenciar as estruturas que resguardam o saber ético e moral, as comunidades científicas precisam deixar que o novo paradigma da autogeração sistêmica se manifeste antes dentro da própria organização das comunidades cientificas, ainda enclausuradas em estruturas hierárquicas fundadas na autoridade do conhecimento, remissas ao pensamento eclesiástico e judiciário. Reflexos de sua estrutura de poder piramidal, onde uma entidade ou instancia superior submete as inferiores a autoridade de seus juízos, até a última, ou superior, onde a autoridade suprema a imagem e semelhança do todo poderoso ou representantes de um poder total, temporal e/ou atemporal, emitem sentenças, razoando, racionalizando, ou meramente justificando juízos que nem por isso deixam de ser o que são por definição, arbitrários. Se esclarecidos tais juízes buscam a sentença em observância aos princípios, se não, buscam os princípios que cabem ou servem a sentença. Juízos emitidos, portanto, conforme o mérito de seu caráter das pessoas que julgam e não do sistema. E de qualquer forma por mais conscienciosos que sejam ainda sim juízos, limitados a natureza estrita e estreita do raciocínio composto enquanto julgamento. Razão como Libertação Assim embora a ciência tenha se libertado da premissa da busca pelo absoluto, e apresentado no último século novos conceitos e métodos que demandam a superação desta redução, não se pode dizer que a generalização da validade do novo paradigma seja tal que possamos afirmar a ciência como uma metodologia completamente livre do dogma do absoluto, nem a comunidade cientifica suficientemente madura ou consciente da importância da ruptura com esse culto. Pelo menos não se vê nenhum esforço ou mesmo sensação de incompatibilidade ou desconforto desta em geral em se configurar como organizações arquitetadas manifestamente como expressão moderna da idolatria ao absoluto. Tão evidente na máxima do conhecimento não como liberdade, mas poder. O que ao contrario do sugerido, não resulta em supremacia da ciência ou saber como poder, mas muito pelo contrario, em submissão da ciência com mero instrumento aos poderes constituídos e àqueles que almejam sua posse, em essência tão primitivos e irrascíveis, quanto pode ser a força bruta de qualquer tempo. Assim embora venha se libertando em disciplinas especificas como a física e a biologia dos valores absolutos a ciência está longe de se libertar como comunidade cientifica a ponto de tornar-se uma rede de organizações sociais livres dirigidas ao conhecimento. Não é portanto, à ciência em sua configuração atual que nos referindo quando pretendemos afirma o direito enquanto saber cientifico, mas a ciência dentro do novo paradigma epistemológico emergente. O que não significa que estejamos defendendo que se salte todo o atraso de séculos na aplicação e verificação da metodologia empírica não apenas no direito, mas nas chamadas ciências humanas, mas pelo contrario que se supere enfim ainda que tardiamente, a tradição escolástica, dogmática e autoritária pela experimentação e confrontação das teses com diferentes realidades, através justamente da possibilidade que esse novo paradigma sistêmico propicia para o estudo de objetos complexos, ou mais especificamente não passíveis de decomposição ou redução, como o são nas ciências humanas e sociais. Dentro desta nova perspectiva fica claro que aquilo que nos referimos pelo nome de “Direito” não é o Direito ou no mínimo não é tudo o que esta disciplina poderia vir a ser enquanto ciência livre e empírica, ou seja, liberta da servidão ao poder, e o idolatria a autoridade absoluta. As luzes do Direito O Direito nem sempre esteve pari passu ao processo de iluminação da humanidade, contudo os seus saltos evolutivos sempre de deram na medida exata em que os menos poderosos e mais livres homens iam e vão se emancipando da força bruta e poderes absolutos e totalitários. Embora tente-se pregar-vender o Direito como um (sub)produto de poderes monopolíticos, este mesmo que vendido ou rendido, enquanto fenômeno emerge tão somente em conjunto e simultaneidade a própria constituição das sociedades. O Direito não é o braço esclarecido ou punitivo do poder executor, nem a idealização de filósofos ou pensadores. É o fenômeno manifesto a partir das relações consensuais e equitativas derivadas da cooperação reiterada de grupos e do reconhecimento mutuo do valor de se manter um estado de solidariedade. Estado primordial daquilo que chamamos comunidade e depois também gerador, quando da noção e aplicação da idéia abstrata de bem comum, da sociedade. Anterior ou precursor do direito é a tradição. Tradição entendida como idéias gerais para o comportamento anuídas em coletivos, geradoras e mantenedoras das relações de confiança e reciprocidade e determinantes da identidade e coesão dos coletivos, a partir do compartilhamento de um bem comum gerador do estado primordial de segurança a qual denominamos comunidade. Contudo o direito não se resume, nem pode ser reduzido, as tradições ou costumes. Pois são produtos da mesma razão que compõe o princípio e finalidade simultânea de todo compromisso ou disposição capaz de integrar indivíduos livres a partir do momento em que estes se reconheçam mutuamente e tacitamente como iguais perante não mais só algumas circunstancias, mas ininterruptamente, fortalecendo a cada nova adversidade superada neste pacto. Ou seja, é sobre o reconhecimento, respeito e disposição continuada de garantir uma condição natural ou adquirida para si e seus semelhantes em cooperação que se forma o conceito de direito; e sobre o conhecimento do possível e necessário para cumpri-lo ou fazê-lo real que se funda o sistema complexo chamado Direito. Disposição a reciprocidade O direito é o fenômeno da disposição que um indivíduo pertencente a uma comunidade ou sociedade desenvolve em relação aos demais, pressupondo para si um conjunto de condições ou liberdades idênticos aos que pressupõe para aqueles que considera seus iguais. É a resultante do compromisso mútuo tacitamente presumido, e, portanto carente de confirmação e renovação não em votos, mas em atos, para a realização deste estado ou condição comum, e que implica na disposição em agir ou não agir de acordo não apenas com o prescrito, mas com o necessário para o cumprimento deste contrato social. Nas comunidades estes acordos presumidos e confirmados por atos, se opera dentro de espaços comuns intermediados por relações pessoais, de forma que o coletivo funciona como garantidor do cumprimento destes contratos. A perversão da comunidade Este processo de garantia dos contratos sociais dentro de comunidades pode se efetuar de forma espontânea ou pervertida. De forma perversa e pervertida se o coletivo se converte em poder vigilante, policial, judiciário e executor, impedindo a manifestação da inteligência e consciência pela obediência. Obediência que por definição é sempre produto de força bruta ou psicológica, coesão ou manipulação, por medo ou recompensa, processo de adestramento e aculturação por oposição a educação e cultura. O conhecimento não é objeto de obediência, mas de entendimento. Doutrinas, ideologias e teorias se ensina e obedece, conhecimento se apreende e compreende. Cabe exemplo: Não é por nenhuma força ou lei que 2+2 é 4 e não 5, mas pela compreensão do próprio sistema matemático que dá sentido a enumeração e somatória e abstração numérica do perceptos e representação enumerada da realidade. O resultado da somatória não é relativo, é a enumeração do real que é arbitrária. Útil, lógica razoável, mas não absolutamente necessária a compreensão da realidade, não pode ser desprezadas, nem sua consideração permite que se despreze outras formas de compreensão, e embora não seja possível unificá-las uma noção de verdade, se fosse possível apenas uma, seria composta da integralidade ou da compreensão única de n sistemas de percepção intelecção comunicação do real. Não sendo passível de redução, nem de supressão, ou supremacia, a concepção do real não depende portanto somente do grau de conhecimento de diferentes coisas, mas da capacidade de compreensão múltipla e contraditória das mesmas coisas. Os individuo unidos que por desejo de poder anulam conjuntamente sua complexidade e diversidade pessoal e demandam por força bruta desta união a anulação de todas as demais vontades individuais, independente de seu numero ou dimensões globais ou locais, deixam de se constituir propriamente como comunidade para se tornar corporação embrionária de todo estado totalitário. Imposição x Disposição Ao contrário a comunidade livre, a medida que espontaneamente, isto é por livre associação se organização como coletivo, sem renuncia ou imposição de vontades particulares, composta de indivíduos sem predisposição a servir ou servir-se da violência, nem submeter ou submeter-se a privação, constitui-se em sociedade livre, que pode ser tanto passiva, ou seguramente livre, ou libertadora, se disposta a não permitir que nenhum indivíduo isolado ou reunido imponha sua vontade subtendo a dos demais. Diz-se que um bandido sozinho é criminoso, reunidos uma quadrilha, e em maioria um governo. Exagero; é possível uma minoria tomar o poder, independente do seu caráter, dependendo única e exclusivamente da passividade da maioria, ou minorias e indivíduos desunidos. Contudo há uma certa razão na proposição, a medida que diferença entre um criminoso e um ditador está apenas no grau e de conivência ou submissão dos demais as suas violações da liberdade. Em outras palavras, a imposição pela força que caracteriza o crime, não se legitima quando ou se anuída pela maioria. Basta o desacordo de qualquer um dos envolvidos para invalidar todo o processo, pela mesma razão que é tão somente o consenso entre as partes envolvidas e o de ninguém mais capaz de invalidá-lo. A vontade geral é um mito. Uma turba não é dotada de nenhuma vontade geral, mas tão somente do desejo de poder particular aliados momentaneamente no exercício ou satisfação deste desejo através da violência. Uma vez deflagrada pouco importa as motivações, a violência em si autojustifica, retroalimenta fazendo da busca pela tomada ou acumulação de mais poder simultaneamente ao exercício do poder possuído a motivação e desculpa para sua busca e exercício. A legitimidade não emana do poder, nem o poder da legitimidade. Estados de Direito O direito não guarda nenhuma relação de legitimidade com o poder. Pelo contrário onde existe relações de poder o verdadeiro direito se ergue como garantia das liberdades individuais perante os poderes e poderosos e não como escriba. O estado de direito garante não apenas contra-reação aos que impõe a força contra as liberdades, mas como estado igualitário e solidário, preventivo ao surgimento dos distúrbios psicológicos formadores das personalidades frustradas e compulsivas por dominar e impor seus desejos de poder e domínio. A disposição do direito não é, portanto, nem nunca foi uma disposição liberal, nem muito menos negativa, mas uma disposição clara do grupo em entrar em ação contra todo indivíduo ou situação que imponha a privação da liberdade de qualquer componente do grupo. Não é só compromisso de não matar, ou não atentar contra a vida, mas o de preservá-la individual e coletivamente, não é o compromisso de não prejudicar, mas o de prover toda solidariedade necessária. Eis o contrato social original. Todas as outras versões mais fracas ou adulteradas são formas de decomposição do contrato original e, portanto de dissolução da sociedade. Comunidades Livres A sociedade original não é apenas tolerante com a diversidade de indivíduos, é coletivamente garantidora das liberdades individuais. Há duas perversões possíveis a partir desta sociedade ideal: a totalitária, que inverte as disposições por imposições, e as em dissolutas que não estão dispostas a se opor as privações naturais ou artificiais, fadadas, portanto, a extinção natural ou etnocídio perante autoridades endógenas ou exógenas, não apenas convertendo os passivos em obedientes, mas os impassíveis em abusadores. Estas comunidades livres não são grupos a mercê dos indivíduos que atuam a margem das relações de confiança e reciprocidade, pelo contrario, é uma rede de relações pessoais onde os indivíduos que não são capazes de se sociabilizar não são perseguidos, mas naturalmente se excluem a medida que cada indivíduo é livre para decidir sobre suas relações de acordo com a reputação do membro da comunidade. Tudo o que uma comunidade ou sociedade pode tirar de um indivíduo limita-se estritamente aquilo que o pacto social fornece e nada mais. Ou seja, em um ambiente em que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer uma determinada coisa, ninguém também pode ser obrigado a aturar o que os outros fazem ou deixam de fazer, logo há naturalmente chance de que se deflagre conflitos, contudo há também uma possibilidade ainda maior que cada indivíduo de acordo com seu próprio interesse, busque evitá-lo e chegue a acordos de convivência por afinidade e tolerância, compondo tantas comunidades diferentes ou grupos mais próximos dentro de uma mesma quanto necessários a convivência, conforme o grau de afinidade e tolerância entre os indivíduos. Comunidade e Sociedade Uma comunidade é um sistema que se autoorganiza, ou seja, é organizado pela concorrência de múltiplas vontades individuais, uma cooperação competitiva que gera acordos de convivência entre indivíduos que se conhecem diretamente ou possuem conhecidos em comum. A sociedade por sua vez é também uma organização espontânea das mesmas vontades individuais concorrentes em cooperação competitiva, contudo os acordos tácitos de convivência não são entre conhecidos, mas entre desconhecidos que se predispõe a reconhecerem-se mutuamente como iguais. Esses acordos são propriamente os contratos sociais necessários para que se estabelecem relações pacíficas cooperativas para alem dos limites do comunitário, quando estas se expandem de tal forma que somente uma nova forma de relação não personalizada viabiliza o convívio, as relações sociais, fundadas na não-violência e cooperação entre indivíduos que não necessariamente precisam se conhecer ou ter conhecidos em comum. A três formas possíveis para o estabelecimento desta nova modalidade de relações humanas ditas sociais: • A intermediada ou clássica onde um terceiro elemento é convencionado como “o conhecido” em comum, com poderes de arbitro, juiz ou governante para todas as partes. O Estado. • A mutualista onde as partes estabelecem direitos e deveres recíprocos adotando sinais ou símbolos convencionados de modo que os membros da sociedade se reconheçam. Seitas que podem ser combinadas e geralmente o são para formar irmandades hierarquizadas. • E por fim a universalista onde cada indivíduo atribui deveres e obrigações para si na expectativa da mesma disposição e reciprocidade dos seus próximos. Esta última o objeto de nosso maior interesse a medida que as duas primeiras soluções já foram razoavelmente explorados e esta última sequer é considerada dentro dos ditames atuais como uma modalidade de contrato social, quando é na verdade o conceito mais próximo do fenômeno real. Contratos Sociais Não estamos portanto tratando do contrato entre soberano e súditos onde o descumprimento do primeiro resulta em legitimidade da revolucionaria dos últimos (Looke). Mas dos contratos mutualistas entre indivíduos livres e iguais, sobre os quais costuma-se supor que sem a intervenção de um poder coercitivo que obrigue as partes a manter-se fiel a seus deveres haveria a dissolução da sociedade. Rigorosamente o verdadeiro contrato social já está dissolvido no momento da renuncia ou alienação completa ou parcial dos indivíduos a sua liberdade, composta de seu poder de tomada de decisão individual e ou coletiva. Contudo vale a pena refletir sobre as razões para que se rompa ou contrato social original ou o substitua por sua adulteração ou remendo chamado Estado. O contrato social embora quase sempre seja empregado como malabarismo conceitual para justificar poderes ou estados injustificáveis; é na sua essência um conceito sobre o qual se pode explanar sobre o fenômeno gerador da sociedade, e ainda basilar o direito não como saber não dogmático, mas ciência empírica, onde a validade do sistema não é arbitrária, mas experimental. O mutualismo é evidentemente uma modalidade de contrato social, e um modelo associativo comunitário autosustentavel, capaz de ser realizados e mantido diretamente pelas partes sem necessidade de recorrer a uma força externa superior, Porém tão somente em nível comunitário; não é um sistema suficiente para fundar um estado de direito ainda que se configurado como uma rede de associações integradas segundo o princípio federativo. O contrato mutualista pode e deve ser aplicado e garantido por um sistema social, contudo não forma a lógica de um sistema capaz de sustentar a sociedade, pois tende a se desintegrar ou decair na solução estatal, conforme o a deserção dos pactuantes gera uma cadeia de deserções culminando num estado geral de desconfiança. Este desconstituição ocorre a medida que o descumprimento da obrigação de uma das partes, embora não implique na imediata liberação das demais de cumprir a sua, enfraquece a disposição de cumpri-lo, e estimula o não cumprimento. E mesmo que se suspenda o cumprimento unicamente para com aqueles que o descumprem, ou retalie de n formas diferentes, nenhuma retaliação irá garante o estado de confiança mutua generalizado necessário a um contrato social, nem reverter uma indisposição entre as partes. Isto ocorre porque como dissemos a sociedade é um pacto entre desconhecidos, e, portanto, não é um pacto que você pode selecionar a priori quem é ou não confiável, a menos que se valha de preconceitos. E mesmo que se retalie com punições ou libere-se a sociedade do compromisso social para com os desertores, isto não aumenta nosso nível de confiança no outro, e portanto não altera a nossa disposição de reciprocidade. Disposição para com os desconhecidos que só se confirma pela interação social reiterada com estes. O Sistema do Contrato Social O contrato social, não é uma rede de contratos mútuos entre n indivíduos, mas um sistema gerado por uma disposição individual que pode ser representado por uma equação onde os n indivíduos pactuantes são representados por uma única variável que pode ser chamada de igual, semelhante, próximo, mas que em essencial representa todos os demais a que se reconhece os mesmos direitos e deveres e que, caso a caso, reiteradamente, se aplica a equação ou princípio. Ou seja, como os outros pactuantes são uma variável desconhecida que agrupa o comportamento de todos os demais, calculamos o nível de confiabilidade da sociedade em que estamos imersos, pela amostragem de comportamento que tomamos conhecimento. Assim, o nível de confiabilidade que atribuímos ao próximo é resultante deste processo reiterado de relações particulares com pessoas que não conhecíamos pessoalmente até então. Claro que isto é bastante esquemático, vários elementos intermediadores podem alterar significativamente a experiência destas relações; contudo aqui não estamos considerando estes complicadores até porque eles não podem atuar senão acoplados a estas relações, alterando-as e atravessando-as, sem todavia produzi-las. Mutualismo estrito senso O contrato social mutualismo estrito senso em sua compreensão mais difundida tanto a renuncia em agredir os demais membros da sociedade quanto defendê-lo perante uma agressão ou ajudá-lo diante de uma dificuldade. É em suma um contrato de proteção mútua, que em sociedades mais desenvolvidas deixa de ser uma promessa de ação, ou condição reativa, para se tornar condição ativa, formadora de um estado de segurança, nem policial, nem assistencial, mas de seguridade propriamente dita, onde há uma rede de segurança formada por instituições que impedem que as situações adversas se instaurem ou se propagem deixando de ser eventos isolados. Contudo para entender sua dinâmica tomemos a versão mais simplificada ou mínima do contrato social, onde os indivíduos se comprometem a defender-se mutuamente contra a agressão de outros. É fácil visualizar o funcionamento deste sistema contra grupos ou indivíduos que não pertençam a sociedade, contudo quando a agressão ocorre entre membros as respostas podem variar assim como a natureza do contrato que pretenda as padronizar. Os indivíduos podem se comprometer a agir contra o agressor entendendo-o que descumprimento dele do pacto libera os demais de cumpri-lo exclusivamente em relação a ele. Os indivíduos podem também se abster de interferir no conflito, principalmente se não conseguem distinguir agressor e agredido. Ou neste caso agir contra ambos. Resposta que é um problema e não solução, porque todo aquele que se colocar no lugar do agredido perderá sua confiança no pacto, afinal se verá desprotegido, ou pior agredido não apenas por um, mas por todos os demais. A injustiça para com agredido, não é portanto aqui tomada como princípio moral, mas como uma falha do sistema que implica em desconstituição do pacto social. Daí talvez a importância maior dada não a justiça, mas para que se tenha a impressão de. Há ainda uma terceira posição. Quando grupos descumprem o pacto, e ou o descumprimento por parte de indivíduos é generalizado e recorrente. Nestas situação a discriminação dos agressores é inútil, porque não estamos mais tratando de eventos isolados. Nela os pactuantes tendem a deixar de por em questão a fidelidade deste ou daquele membro, mas passam a questionar o quão confiável é o próprio pacto social, ou seja, se vale ou não se manter fiel ao pacto, ou o quanto, determinando a partir desta percepção qual será o seu nível de compromisso. Desconsiderando por enquanto que o controle dos fluxos de informação pode tanto amplificar eventos isolados a fenômenos generalizados, quanto o contrario, reduzindo fenômenos a eventos; ou no extremo esconder ou inventar fatos, há uma tendência para que em agrupamentos humanos maiores cada indivíduo tenda a analisar de forma geral todos os eventos que não envolvem seus iguais ou sua comunidade, podendo inclusive trazer suas generalizações para o nível das relações comunitárias. Ou seja aplicando a pessoas que conhece a percepção que tem dos desconhecidos. Quando o numero de indivíduos é grande demais para se estabelecer somente relações pessoais ou comunitárias, os contratos mutualistas passam a demandar uma disposição mais ampla capaz de lidar com a extensão e complexidade do sistema se não quiserem se submeter a poderes baseados no controle da violência e informação. Eis a principal limitação de um contrato mutualista, não se sustenta livremente sem o cumprimento da totalidade dos pactuantes, decaindo invariavelmente no estabelecimento de poderes intermediadores ou mais propriamente coercitivos, ou desagregação das comunidades quando a quantidade de deserções desencadeia enfim um estado geral de incerteza quanto ao cumprimento do pacto, a menos que haja uma disposição incondicional para cumprir o pacto social. A esta disposição incondicional que previne desagregação ou totalitarismo denominamos universalista. Contratos Ilegítimos O contrato universalista é uma modalidade mais ampla do modelo mutualista. Descartamos da definição de contratos sociais propriamente ditos contratos entre súditos e soberanos, ou entre súditos em favor de soberanos. Partimos da definição de contrato social proudhoniana ou mutualista para chegar a universalista. Desconsideramos as modalidades clássicas e amplamente difundidas por não considerá-las contratos validos a medida que demandam renuncia a direitos políticos inalienáveis, transferindo decisão individuais e coletivas para representantes que passam a deter esse poder. Essa transferência é tão invalida quanto um contrato de escravidão a medida que o representante não porta mais uma decisão individual ou coletiva mas o poder de decidir sobre a vida e liberdade dos alienados, que por cederem seu poder de decisão, perder o direito fundamental e inalienável a liberdade de definir sua vida individual ou comunitária de acordo com suas consciência. Isso não impede que se estabeleçam representantes ou mais precisamente funcionários com poderes para realizar atividades especificas e devidamente especificadas, não definida por outro senão que por aqueles a quem serve, podendo estes revogar de pronto e a qualquer tempo seu mandato, em suma um verdadeiro empregado da sociedade e não seu governante. Todo poder que vá além disto, é ilegítimo independente da concordância entre soberanos e súditos. A falta de capacidade ou entendimento para preservar a liberdade ou cidadania plena não dá direitos ou poderes aqueles que exercer seus direitos políticos e de usurparem os direitos dos incapazes. A falta de discernimento ou disposição para lutar dos submissos e submetidos não justifica nem legitima o poder dos soberanos. A falta de participação do cidadão não implica em renuncia a sua cidadania, devendo a coletividade ou aquele que se dispôs ou se impôs tomar as decisões coletivas entregar imediata e prontamente o poder de decisão individual ao indivíduo ou coletividade que manifeste disposição de exercer sua cidadania, não cabendo a ele ou nenhum outra instancia julgar tal competência. Deve apenas devolver ao dono aquilo que lhe é de direito: a liberdade de definir sua vida. Educação é Emancipação De fato a única forma de tutoria aceitável entre seres humanos é aquela que emerge entre o professor e o aprendiz uma relação de autoridade cujo sucesso está justamente na sua extinção; ou seja, findando a relação natural e gradualmente conforme o indivíduo afirma a sua autonomia, constituindo-se como elemento promotor desta emancipação e não obstáculo. Autoridade portanto desenhada programada e disposta para se desfazer, e ao de no seu próprio processo desconstitutivo até seu desaparecimento completo o indicio de que está cumprindo sua finalidade, a formação de indivíduos autônomos, plenamente dotados de capabilities para decisão tanto individual quanto coletiva. Cidadãos. Qualquer desvio deste processo de emancipação e desconstituição da autoridade, não apenas é a negação da educação, mas do respeito a liberdade, e a individualidade manifesta, violência disfarçada de processo educativo. Contratos Legítimos A legitimidade dos contratos sociais não pode ser fruto de arbitráriedades ou convenções, mas experimental, emergindo espontânea e organicamente da disposição solidária e pacífica dos indivíduos que compartilham bens comuns geralmente um mesmo espaço de convívio, reconhecendo-se mutuamente como semelhantes ou iguais em direito. Em constante adaptação as circunstancias. Contratos sociais que outrora funcionavam em comunidade perdem sua legitimidade quando decaem em poderes e instituições desenhadas para centralizar e servir como referencia confiável entre pactuantes que não se conhecem. O catalizador para essa perversão dos contratos sociais comunitários em relações de poder, é a desconfiança generalizada, ou estado de insegurança. Não é na deflagração dos conflitos que as lideranças emergem, mas do medo, fortalecendo seus poderes a medida que o terror real ou fictício se dissemina como doença social, eliminando a confiança e solidariedade natural e direta entre seres humanos que compartilham da mesma circunstancias adversas, substituindo-as pela solidariedade e confiança fictícias intermediadas pelos símbolos de poder e liderança. Uma sociedade artificial intermediada por um estado de poder que não deve ser confundido ao estado de direito. Pois a igualdade não demanda da livre associação e reconhecimento mutuo, mas do culto e submissão a força única central ou que simboliza o poder total ou o todo-poderoso. Origens para o Poder Não é impossível que esse culto ao poder, suas representações e representantes emergirem em pequenas comunidades, contudo é mais difícil. Pessoas com pretensões de mando e dominação tendem a parecem com o patético rei do planeta que Saint Exupéry descreve em seu Pequeno Príncipe, ou então a marginais ou tiranos que se põe em armas para usar da violência contra a sociedade de modo a fazer valer seus desejos e vontades conforme a força de seu bando. Se suficiente para prevalecer sobre uma maioria pacífica, então temos o embrião daquilo que chamamos de aristocracia, partindo de dentro da própria comunidade, mas não nascido propriamente da comunidade, mas de um grupo que se coloca a margem dela para dominá-la. Assim é mais fácil supor que esta classe se estabelece a partir da fixação territorial de um bando de marginais – que se coloca a margem de qualquer comunidade, e executa pilhagens de qualquer comunidade ou grupo delas passando a proteger seu privilegio de pilhar contra outros bandos ou aqueles que se rebelem. “Oferecendo” ou mais provavelmente impondo essa proteção armada contra outros bandos incluso o seu a essas comunidades substituindo ou formalizando os saques na forma de tributos. Talvez nestas primeiras milícias estaria a mais provável emergência das classes sociais e estados de poder. Essa exploração é difícil de se estabelecer e manter entre indivíduos que desfrutem de um mesmo estado tecnológico, sendo mais provável que tal dominação tenha se estabelecido por um bando tanto mais violento quanto mais bem armado para submeter grupos maiores. E provenientes provavelmente de diferentes etnias da dos dominados- hipótese corroborada pelo preconceito de “origem”, “sangue” e “aparência” que acompanha em geral as classes dominantes em relação às dominadas. Isto não quer dizer que está dominação seja inevitável, ou que a emergência dos Estados seja inexorável. Apenas que é dificílimo para que uma comunidade manter-se livre e comunidade, pois pequena é facilmente dominada, ou destruída, vide as comunidades indígenas americanas diante da colonização européia, e gigante perde sua capacidade de manter-se por relações comunitárias abrindo caminho para a idolatria ao absoluto e consequente imperialismo, vide o processo de formação dos Estados e Impérios. As massas A emergia do poder absoluto, ou dos estados totais não é só uma mera questão de número da população, mas está inegavelmente ligado a esta, a medida que o fenômeno da deterioração das relações comunitárias e emergia do culto aos absolutos é muito mais fácil de ocorrer em aglomerados e aglomerações humanas, não propriamente pela quantidade de pessoas, mas sim pela escassez ou privação. Não é toa que Mussolini dizia que é mais fácil convencer uma multidão do que uma única pessoa. Os indivíduos tendem a comportar-se como manada se aglomerados, ou presos em um espaço ou território. Ao contrario da premissa de que muitas vontades em um espaço reduzido tenderão a entrar em conflito, o instinto de preservação reduz os indivíduos a uma boiada, prontos a correr todos desesperadamente conforme o fluxo, ou responder ao comandos de um líder, como se não tivessem mais vontade própria ou consciência. Comportamento facilmente verificado em multidões ou aglomerações, também está presente nos aglomerados humanos, onde a incapacidade preservar sua liberdade pela impossibilidade estabelecer relações mais pessoais, novamente reduz o homem a condição de gado. O fator determinante: a rede Contudo não é a pura relação entre recursos e pessoas que determina a emergia do comportamento de manada. Mesmo diante de circunstancias extremamente adversas uma comunidade forte, isto é, pessoas que tem ligações de confiança e reciprocidade bem estabelecidas podem resistir a deterioração de suas relações. Enquanto uma comunidade que é quase um grupo de desconhecidos que circula ou habita por um mesmo lugar pode ser facilmente destruída ou convertida para qualquer culto totalitário. O fator determinante é portanto o grau de coesão dos membros da comunidade, determinado pelo nível de confiança mutua, reciprocidade, solidariedade, compartilhamento e comunicação entre os indivíduos, ou seja pela capital social circulante na rede comunitária presente em uma determinada localidade. Conforme aumente o numero de um agrupamento humano em uma localidade, existe uma tendência do grupo de comportar como massa devido ao temor de insuficiência, nestes estados a emergência da liderança não é apenas possível, mas pode até passar a ser considerado benéfico e desejável quando a rede se quebra reduzindo-se a grupo ao agrupamento humano. A razão não é, portanto, apenas de número, mas de possibilidade-capacidade de interação, comunicação e interconexão dos indivíduos que habitam um mesmo espaço a diferença entre dividi-lo ou disputá-lo ou compartilhá-lo. A rede é o fator determinante porque é a estrutura que dá forma a própria comunidade a partir das relações entre pessoas livres e próximas. O próximo não é, portanto, aquele que está espacialmente perto, mas aquele que compartilha uma em maior grau os mesmo canais de uma rede social ou comunitária. Daí a importância fundamental da liberdade de comunicação e livre fluxo dos capitais, sobretudo a informação para a democracia, e inversamente o interesse de poderes e lideranças autoritárias ou totalitárias em reprimir a liberdade e impedir o livre fluxo de informações e associação. Censura e proibições do livre pensamento, expressão e livre associação, sobretudo, comunitária são o caminho para a servidão. A democracia sem garantia de liberdade plena de expressão, comunicação e associação, é poder autoritário com pretensões totalitária disfarçado de estado de direito, e seus representantes, lobos em pele de pastor. O Estado de Direito Democrático A democracia não é a constituição de direitos, é o processo de garantia e preservação do direito a liberdade não como estado virtual de papel, mas estado de segurança de uma liberdade que se desfruta de fato, não apenas livre de proibições e impedimentos, mas livre da pobreza e privação. É um estado de garantia materiais para o exercício da liberdade provido pela sociedade. A liberdade de ir e vir, via a garantia de um espaço público, a liberdade de trabalhar, pela garantia do capital necessário para a manutenção da vida e cumprimento das obrigações civis. Não há estado de direito que não seja democrático, a medida que não existe direitos de fato onde não há liberdade real. E é na preservação destas liberdades fundamentais como direitos iguais e inalienáveis que se funda a democracia. O estado democrático é aquele que garante a plenitude do estado de direito. E o estado de direito o estado que garante de fato a plenitude das liberdades reais para todos os cidadãos sem descriminação. Não é meramente o estado em que temos o direito de escolher nossos governantes. Nem o estado em que temos o direito de exercer nossos direitos políticos diretamente, mas o estado onde todos tem condições ao mínimo de tempo “ocioso” para exercer sua cidadania. Não há democracia onde pessoas estão excluídas do poder de decisão seja porque estes estão alienados a representantes, seja porque não podem interromper jamais sua luta pela sobrevivência. A democracia não existe onde uma maioria ou minoria não pode exercer seus direitos civis ou políticos por falta de condições materiais ou econômicas. O estado direito democrático portanto não pode ser constituído meramente por um conjunto de normas ou disposições, mas por garantias de condições para a preservação das disposições que fundam o contrato social. A democracia é um sistema de provisão de liberdade como direito fundamental, menos que isso é uma farsa ou um ideal. De fato as conquistas dos direitos e a emergência da Democracia é historicamente inversamente proporcional a extensão da autoridade do poder estabelecido. Não é concessão nem benesse é conquista social e civil. Espontaneidade da Ordem Os contratos sociais demandam voluntariedade, mas não passividade para estabelecimento de instituições capazes de garantir o sistema social. Não estamos nos referindo a monopólios da violência ou prestação de serviços públicos, mas a sistemas livres para serem adaptados pelos usuriarios-controladores que não estão a eles submetidos, mas sim que dão a este a sua constituição através do respeito e observância voluntária e continuada dos compromissos. Compromissos que desempenham o papel de normas, mas não voltadas para doutrinas e sim a funcionalidade verificável pela experimentação. A legitimidade dos compromissos não se dão pela sua normatização ou codificação, mas pelo consenso tácito não-presumido, mas deduzido e ratificado tão somente pela sua prática. Não são normas processuais, mas programas sistematizados geridos não por constantes, mas por variáveis dentro de uma lógica aplicada reiteradamente. Gerando um estado complexo, onde a funcionalidade do sistema não é reduzida a um poder central. Mas ampliada, otimizada e agilizada pela distribuição da aplicação instantânea e continua da razão constituinte da coesão social, em todas as circunstancias pelos participantes não mais passivos, mas como agentes livres ativos componentes da ordem espontânea do sistema. Esse ordenamento orgânico ou espontâneo expressa a própria lógica constituinte do sistema, ou a razão do contrato social. Dispositivo e disposição O contrato social não é um dispositivo que demanda obediência, mas uma disposição geradora de compromisso. O comprometimento de cada pactuante não se finda automaticamente pelo descumprimento dos demais, nem se restringe a observância e respeito dos direitos tão somente para os membros da sociedade, ou reconhecidamente cumpridores do pacto. Não é um compromisso condicionado a fidelidade de todos os demais ou mesmo da maioria. É uma disposição pública incondicional em pro do bem comum desenvolvida a partir do instinto solidário, e que compõe naturalmente as sociedades, independente de territórios, domínios ou formalizações. Esse instinto é base do desenvolvimento humano, e da inteligência solidária proporcionalmente ao nível manifesto de empatia, isto é a capacidade do indivíduo de se colocar no lugar do outro, sendo a partir desta faculdade capaz de planejar suas ações em condenação tácita com o próximo, gerando o fenômeno da cooperação. Cosmopolitismo O contrato social é produto da inteligência solidária, e a sua efetividade depende e muito do desenvolvimento da empatia. O desuso desta capacidade redunda em perda da coesão social, e a completa ausência desta faculdade em sociopatia, tanto de indivíduos quanto de toda uma sociedade em diferentes graus. Por outro lado sua ampliação para além dos laços pessoais, comunitários, culturais e étnicos implica em contrato sociais cada vez mais amplos, garantidores de direitos cada vez mais universais. O contrato social é, portanto o fenômeno de integração ou formação da humanidade não apenas como uma propriedade abstrata, mas de uma organização, ou mais propriamente princípio organizador de uma sociedade humana. O contrato social embora seja uma disposição de cada indivíduo, não é uma disposição de moralidade do indivíduo para consigo mesmo, mas uma disposição deste para com seus semelhantes, a multiplicidade de seres humanos representados pela idéia de um desconhecido. Claro que podemos pressupor que o desconhecido seja ou não membro de uma determinada sociedade ou irmandade, a partir da discriminação de sua cultura, língua, crença, etnia, sexo, nacionalidade. Essa sociedade pode inclusive prever formas de tratamento diferenciado para cada grupo discriminado, contudo essa não é a essência do contrato social, mas a sua exceção. Dissolução do Contrato A lógica do contrato social é a pressuposição e direitos fundamentais iguais para outras pessoas que não conhecemos. É uma disposição a priori incondicional de tratamento para com as pessoas que ainda não tenhamos entabulado relações, e que irá formar ser o ponto de partida desta futura relação. A qualidade deste princípio ou disposição irá determinar a formação de uma relação de confiança mutua e o constituição do contrato social, e influenciar o estabelecimento de possíveis relações comunitárias ou pessoais. O contrato social rege, portanto as relações impessoais, e não-comunitárias, pois a partir da interação e do grau de conhecimento mutuo entre as partes, o estatuto que volta a balizar as relações é o comunitário e pessoal, alterando natural e consequentemente as disposições, seja aumentando os compromissos de ajuda e proteção mútua, ou diminuindo as predisposições originais do contrato. Entretanto a redução da disposição não pode implicar em ruptura do contrato social, isto é no desrespeito dos direitos de um indivíduo que não cumpre seu compromisso. O indivíduo não é obrigado a manter a disposição incondicional, pode e deve ter liberdade para evitar, não interagir e até se necessário se defender de um semelhante que não manifeste as mesmas disposições, ou que simplesmente viole as disposições- sobretudo se o faz de modo violento ou impositivo. Contudo qualquer ação ou reação que vá além, afeta não apenas a disposição da sociedade para com um determinado indivíduo, mas de toda sociedade para com a variável humana da qual cada indivíduo é uma amostra. O desconhecido, ou o outro, não é uma variável que possamos lidar caso a caso ou isoladamente. O contrato social não é um conjunto de contratos de cada indivíduo com n indivíduos, mas a disposição geral do indivíduo para lidar com os outros, sendo o outro representando antes de tudo, pela própria imagem que o indivíduo tem de si mesmo, pressupondo o comportamento e caráter alheio antes de tudo pelo seu próprio caráter. A disposição que compõe o contrato social embora influenciada pela comportamento dos demais, é determinada sobretudo pelo comportamento do indivíduo. A estratégia do olho por olho dente por dente, por exemplo, pode embasar determinadas relações particulares, mas não é capaz de formar um contrato social suficiente para formar uma sociedade humana continuamente sustentada. Pois assim como pode gerar um ciclo virtuoso, onde uma boa ação é paga com boas ações, pode degringolar em um ciclo conflituoso e destrutivo a partir de uma única quebra da conduta. A qualidade do contrato social está no quanto a disposição não apenas capaz de se manter incondicional mesmo perante a quebra de conduta, como quão facilmente e rapidamente está disposição é capaz de retornar a sua configuração original após ter sido alterada de forma legitima ou não. Em outras palavras quanto mais abertas e universais forem as disposições, maiores são as chances de que comunidades integrarem-se em sociedades livres, enquanto por outro lado quanto mais fechados e discriminatórios forem as disposições entre os desconhecidos, maiores serão as chances de conflito e consequente destruição ou submissão de uns aos outros, formando estados únicos hierarquizados e sempre prontos para entrar em guerra. Direito Experimental Há portanto, disposições que redundam em estado de exceção de liberdades e direitos, e outras que capazes de formar sociedades livres. O direito experimental compreende a elaboração coletiva e voluntária dos princípios que constituem a rede de compromissos mútuos que compõe uma sociedade; as disposições que efetivam o estado de segurança, certeza e garantia das liberdades individuais. Disposições que não visam a massificação ou uniformização das identidades e personalidades dos indivíduos, mas sim a garantia de fato de direitos em igualdade para a maior diversidade de indivíduos livres possível. Quanto mais universais forem essas disposições tanto mais efetivos serão os contratos sociais, a medida que integram o convívio pacifico ou até a cooperação entre pessoas que não se conhecem, nem precisam possuir nenhuma outra afinidade senão a mesma disposição. O direito é portanto a sistematização da provisão da liberdade real como bem comum que viabiliza a integração de pessoas em uma sociedade que se estrutura como rede social através de disposições mutualistas mais ou menos universais. Mutualismo Universalista Não há contradição neste modelo associativo. Está definição implica em pressuposições de compromissos mútuos para a provisão do bem de todos membros ou não da associação. Ou seja, sem a necessidade do beneficiado comprovar, contribuir ou mesmo ser de fato membro da sociedade. Como assinalou Noziack os Estados executam essa redistribuição necessária para a coesão do bem comum, porém de forma compulsória através da tributação. Contudo esse processo não deve ser confundida com a instituição de um estado de direito. O estado de direito se efetua sim pela provisão igual de direitos fundamentais sem discriminações, e passa por redistribuição e contribuições equitativas para o bem comum, contudo a subtração do caráter voluntário desta provisão elimina a legitimidade do processo enquanto contrato social. A finalidade do contrato social e por conseguinte da sociedade não é vigiar e punir os descumpridores desse compromisso que aliás é tácito, mas buscar a construção de uma estrutura social capaz de prevenir e absorver as eventuais deserções e infidelidade ao pacto social sem prejuízo a sustentação do estado de segurança-certeza da garantia das liberdades. A arquitetura do Contrato Social A arquitetura do contrato social não constituída de princípios que limitem as liberdades, mas que as ampliam, funcionando como portas e não catracas. Estruturas que não são como cercas, mas muito mais similares as escadas. Embora você precise delas para o acesso, elas não constituem impedimento para que você chegue aonde quer, pelo contrario abrem a sua possibilidade facilitando que se chegue lá. São imaterialmente similares aos códigos ou convenções que regram não- arbitrariamente a circulação ou a interação de pessoas ou capitais, não como normas ou leis, mas como princípios que podem ser sinalizados, ensinados e aprendidos e consequentemente seguidos com naturalidade sem a necessidade de estímulos ou punições, conforme a autoevidência sobre a necessidade ou beneficio no seu cumprimento sempre proporcional a sua significância. O direito não é o conjunto de regras para lidar com ou violações do contrato social, mas a plataforma sobre a qual as redes de relações pessoais, comunitárias e sociais irão se dar. Não se contitui de instrumentos negativos, reativos ou emergenciais, mas constitutivos, positivos e sociais, é produto de técnicas e tecnologias sociais e não bélicas. Disposições sociais positivas que constituem instituições não apenas reativas, mas ativas na provisão do estado de direito, estruturas que não substituem o sistema policial e judiciário, que não são desenhadas para atuam sobre a exceção do estado de direito geral ou particular, mas que são constitutivamente desta sociedade fundada sobre a garantia de direitos iguais e que neutralizam as privações geradoras da violência prevenido-se da disseminação das ações violentas particulares mas acima de tudo impedindo a instauração do estado de violência sistematizada pela força bruta e ou armada. Forças Armadas O que impede que forças armadas tomem o poder, não é o caráter passivo ou combativo da população, mas a disposição desta em não produzir e sustentar os instrumentos da sua dominação. A chave para isso possa acontecer é o desenvolvimento de uma tecnologia de defesa onde os agentes armados tem força suficiente para neutralizar as situações de conflito e violência, mas não tem autonomia para manter nem de fato nem de direito o exercício de suas forças. É preciso fazer dos estados de paz não um estado de prontidão entre guerras, mas um estado de certeza que elas não irão se deflagrar. A fonte dos conflitos antes de ser a deflagração dos conflitos, está na disseminação do medo de que eles vão ocorrer, é sobre esse temor e não sobre o conflito em si que emerge a centralização ou monopolização da violência, e o fortalecimento e permanência de forças armadas, como se eles fossem a base que neutraliza o conflito e não que o antecipa e que de algum lado irá provocá-lo. Uma nação não é um bando de ovelhas prontas para serem abatidas por lobos ou conduzidas por pastores. Nem por isso precisa ela própria se converter num estado militar em prontidão ou em continua ação de guerra. O que impede a ascensão do poder baseado na violência não está apenas na renuncia a violência por cada indivíduo, mas a disposição de agir contra a emergência destas forças, e não meramente reagir em legitima defesa contra elas. Isso implica em neutralizar suas causas geradoras, porque não se monta um exército da noite pro dia, nem um criminoso passa a barbarizar uma comunidade do nada. Haverão ainda crimes e violência, mas eles serão eventuais, e se a disposição social for não de esconder, mas de intervir socialmente parar esses grupos ou indivíduos não se formem. Não estamos falando em reagir a forças armadas ou armar-se contra elas, mas de impedir que elas se formem e se armem, não apenas em nossos territórios, mas em conjuntos como os cidadãos de todas as sociedades, e que se instituam novas forças de autodefesa neutralizadoras da violência. Para as manifestações restantes de violência que escapem a essa prevenção, a ação pontual descentralizada é mais do que suficiente com reação para conte-las, a medida que a violência não é mais organizadas mas eventual. E uma vez findada a circunstancia de exceção encerra-se a atividade do grupo destinada a contê-las. Novamente remetemos a ação policial a uma ação emergencial como a dos bombeiros, onde não é a sua vigilância, ou presença constante patrulhando os edifícios que transmite a segurança necessária, mas a certeza de que necessário e somente se necessário eles agirão, e sobretudo que as construções e procedimentos são menos vulneráveis ao fogo ou incêndios, algo que não se efetua pela força destrutivas mas pela técnicas construtivas. A paz da sociedade civil não passa pela provisão nem pela extinção de forças armadas ou instituições repressoras, Até porque para incêndio há de haver bombeiros, mas na constituição de sociedades livres que imediata ou progressivamente prescindam do uso da força bruta uso, tornado-as obsoletas pelo simples desuso, tal e qual a inutilidade de presas e dentes afiados para animais dotados de formas menos primitivas e mais inteligentes de lidar com suas necessidades. A evolução da inteligência e da própria humanidade passam pela desenvolvimento de forma cada vez mais eficientes de superação dos conflitos e adversidades que a ele conduzem sobretudo o culto ao absoluto. Culto ao Poder A paz não é o produto da mera deposição de armas ou extinção de forças e estados militares e policiais, mas sim da constante neutralização das circunstancia e antes dela das motivações pessoais e psicológicas de idolatria ao poder que geram a sistematização e cultura da violência. O culto ao poder é alimentado pela frustração cultivada a partir de estados de privação escassez do capital material, político ou cultural, ou mesmo do temor ou incerteza de que a liberdade real que tais capitais proporcionam. É do estado mental e sobretudo emocional decorrente da vivencia destas privações que se efetua a conversão de pessoas livres em membros do culto, seja como lobos, seja como pastores, e uma maioria imensa de ovelhas prontas para o abate. A idolatria pelo poder não é uma característica humana, mas um perversão de sua natureza solidária em totalitária que ocorre pela subtração da liberdade, seja pela ação de outros seres humanos, seja pela própria enfrentamento de condições adversas sem poder contar com uma ajuda mutua, ou receber qualquer tipo de solidariedade de conhecidos ou desconhecidos. Esta perversão da natureza solidária não divide as pessoas em classes de dominantes e dominados, mas converte os indivíduos, todos, em seres reprimidos com tendências ao mesmo tempo servis e tirânicas em graus que variam de acordo com o favorecimento ou desfavorecimento das circunstancias. Um processo de adulteração passível de ser produzido ou reproduzidas, como de fato o através do condicionamento comportamental a que se dá o nome de educação, quando é o processo justaposto, isto é, de deseducação institucionalizada, pouco definindo da domesticação e adestramento animal. E tanto mais efetivo é a perversão ou conversão da pessoa, quanto mais exposta está preliminares de escassez ou privação. Ou seja, o culto ao absoluto, e toda mentalidade discriminatória, intolerante, xenófoba e violenta decorrente da pobreza entendida em seu sentido mais amplo de privação de liberdades. A Rede do Direito O direito precisa ser portanto a arte ou técnica para superação da condições primitivas de privação e violência, através da constituição de sociedades civis e humanas é o método mais promissor já desenvolvido para a constituição da paz e realização da humanidade. O direito enquanto ciência dos contratos sociais é mais do que codificação de leis e punições, é processo natural de educação efetuado pela coerência entre os atos de cada indivíduo dentro da sociedade, é portanto o processo de constituição coletiva dos métodos ou meios pelos quais se produz a estrutura ou plataforma em que se dará a integração e coesão social. Longe de ser um processo de intermediação de relações humanas é uma estrutura conceitual e comportamental que forma um sistema de canais de comunicação sob os quais as conexões que compõe a rede social se efetuam. É um meio ambiente conceitual e cultural desenhado para otimizar as liberdades de todos que nele interagem. Não é um processo de arbitragem mas de sociabilizarão e que portanto não se constituii por outro método senão a educação. A Cultura do Direito Educação que não consiste no preestabelecimento de normas baseadas em ideologias, as quais os indivíduos devem ser convencidos a seguir, como comportamento condicionados. Mas no desenvolvimento da capacidade de empatia aplicada através pensamento critico para a formulação por conta própria as disposições tácitas necessárias para a percepção e constituição dos direitos, a serem então reconhecidos, harmonizados e firmados como contratos sociais através experimentação coletiva via democracia direta. As consolidação dos diretos passa pela sua formulação e compreensão pelo próprio esforço para a afirmação e garantia destes direitos de fato. Esse processo educativo natural é passível de aprendido com método, contudo um método experimental sistematizado e não um método teorizado e redutor. Tal processo de construção autônomo e coletiva é produto O Direito Experimental como processo prático de educação cidadã e a educação cidadã como o processo de consolidação do Direito experimental. RobinRight Ⓐ 2011 – Marcus Vinicius Brancaglione